A Meta anunciou 28 perfis criados pela inteligência artificial, alguns com voz e o rosto de celebridades, para serem assistentes virtuais de usuários solitários. Eles têm a missão de fazer companhia, interagir, estimular e influenciar pessoas dentro de suas casas.
O rapper Snoop Dog, por exemplo, se tornou o Dungeon Master, um gamer. Já a socialite Paris Hilton é a detetive Amber. O ex-marido da modelo Gisele Bündchen, o jogador da NFL, Tom Brady é um comentarista esportivo, o Bru, e a tenista Naomi Osaka é uma grande fã de anime.
O tema já foi retratado nas telas em 2013, como no filme HER, onde Theodoro que acaba se apaixonando pela voz do sistema operacional do próprio computador, uma entidade chamada Samantha.
Influenciadores destro de casa
A Billie é como uma irmã-gêmea da Kendall Kardashian que publica fotos, responde aos seguidores, dá conselhos e orientações ao seu novo melhor amigo, ou amiga. Mas ela não está sozinha no mundo virtual. Outros famosos também negociaram a própria imagem e a voz o para que os chatbots fossem criados. Os perfis mesclam imagens e mensagens criadas por inteligência artificial com os vídeos de celebridades, influenciadores digitais gravados em estúdio – uma mistura de ficção com realidade.Até um ano atrás, os assistentes eram muito limitados, explicou o professor de Inovação da FGV, Kenneth Corrêa.
“É como uma Alexa, só que mais esperta, com uma tecnologia mais avançada e um rosto para tornar a experiência mais realista”.
Por enquanto, o uso dessa tecnologia só está disponível para certos usuários nos Estados Unidos. Não há uma confirmação da META sobre os planos de expansão ou para o uso de imagem de celebridades brasileiras. Mas, os especialistas acreditam que é uma questão de tempo até chegar ao Brasil, e que essa tecnologia será parte de um futuro que já chegou.
Epidemia de solidão
Especialistas alertam que o novo lote de companhia artificiais pode aprofundar uma série de problemas de ordem emocional, comportamental e psicológica. A falta de sentimentos sociais, ou aplicação desses sentimentos em dispositivos artificiais poderiam levar à incapacidade própria detomadas de decisões, ou tomadas de decisões arriscadas, potencializando riscos individuais e coletivos ancoradas em sintomas de depressão, ansiedade e estresse.
A pesquisadora e divulgadora científica na área de Psicologia e Inovação, Stephanny Sato, avalia que ainda não é possível falar em substituição das interações humanas por inteligência artificial, mas diz que é preciso prestar atenção nos efeitos dessa tecnologia, como por exemplo, a perda de habilidades sociais.
Essas inteligências artificiais estão aproveitando essa possível necessidade humana de trazer o que o usuário espera. O maior perigo é você ficar exposto a uma condição que você não aprenda, não desenvolva outras habilidades. Quais habilidades sociais ela pode estar deixando de aprender e desempenhar?