André Braga Nos últimos dias, a atriz e ex-Miss Brasil Jakelyne Oliveira, precisou ser internada na UTI após sentir fortes dores de cabeça e sintomas semelhantes a um Acidente Vascular Cerebral (AVC), chamando atenção para um problema de saúde. Durante o episódio, a atriz perdeu parcialmente a visão, a fala e teve o raciocínio prejudicado, precisando buscar atendimento médico urgente.
Conhecida como enxaqueca oftálmica ou enxaqueca com aura, a situação atinge muitas pessoas ao redor do mundo e é causada por alterações nas atividades elétricas do cérebro. “A enxaqueca com aura é um tipo especial de enxaqueca, em que a característica marcante é que ela vem sempre acompanhada de sintomas neurológicos que vem antes ou depois da dor de cabeça”, explica Renato Silva Campos, médico neurocirurgião com foco em atendimento neuro-oncológico e radiocirurgia.
O médico pontua que a situação é reversível e esse é justamente o ponto que diferencia o quadro de enxaqueca de um paciente que está iniciando um quadro de um AVC. Renato explica que alguns sintomas podem ser observados, como a visualização de pontos brilhantes. “É normal que o paciente observe as linhas tipo zigue-zague no campo visual, ou até mesmo a perda de uma visão de um campo, como se ele não enxergasse metade do campo visual”, esclarece, reforçando que em casos de sintomas temporários, acabam se resolvendo espontaneamente.
Além dos sintomas visuais, as auras também podem ser do tipo de sensibilidade, ou seja, aquele paciente que apresenta um formigamento de um lado do corpo, paciente que apresenta uma fraqueza de um lado do corpo ou até mesmo aqueles uma alteração da fala. De novo, todos temporários, com uma reversão completa e sempre associados à dor de cabeça, seja precedendo ou em conjunto.
Em relação a causa da enxaqueca com Aura, o médico explica que não é uma condição completamente conhecida, mas o que se acredita atualmente é que esses sintomas estão associados a uma depressão. “Está relacionado a uma supressão de uma região do córtex cerebral, que a gente chama de depressão cortical alastrante, em que essa depressão acaba fazendo com que surjam esses sintomas de ou de alteração visual ou perda da força ou alteração da sensibilidade”, explica Silva.
Segundo o neurologista, um ponto interessante em relação à aura, é que existem alguns estudos recentes dizendo que a enxaqueca com aura tem um risco aumentado para acidente vascular cerebral isquêmico, especialmente quando ela acontece em mulheres fumantes ou fazem uso de anticoncepcionais orais.
A comunicadora Marina Figueiredo sempre teve dores de cabeça, e se automedicava como de costume, até que há dois anos a situação se agravou. “Eu comecei a ter dores de cabeça enlouquecedoras e elas não passavam quando eu tomava medicamento, eu tinha que tomar remédio muitas vezes no dia e sei que isso não é certo, era horrível, eu me trancava no escuro e era realmente uma situação enlouquecedora, até que decidi procurar um médico”, compartilha.
Segundo Marina, a situação começou a atrapalhar em tarefas simples do dia a dia. “Eu percebia que a primeira coisa que acontecia era meus olhos começarem a manchar, a minha vista começava a manchar. Então eu não conseguia ler o que estava no celular, eu não conseguia ler no computador”, explica a comunicadora que trata o quadro com medicação contínua.
O tratamento da enxaqueca com aura segue a mesma abordagem da enxaqueca comum, utilizando medicamentos que aliviam a crise no momento da dor. “Esses medicamentos agem de forma aguda, ou seja, no instante em que o paciente apresenta os sintomas”, explica o especialista. Uma estratégia frequentemente adotada é iniciar o uso da medicação logo no início da aura, antes mesmo do surgimento da dor de cabeça. “Isso ajuda a resgatar o paciente da crise mais rapidamente”, acrescenta o especialista.
