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Entrevista GPS: como ter melhor qualidade de vida convivendo com o Parkinson

Não só pessoas mais velhas adquirem a Doença de Parkinson. Você sabia que adolescentes de 15, 16 anos também podem desenvolver a condição? Seja por motivos genéticos ou por conta do aumento da idade, essa é uma disfunção neurológica que requer atenção e precisa ser tratada a fim de atenuar os sintomas.

 

É possível, então, ter melhor qualidade de vida ainda que acometido pela doença. Mas para isso, é necessário cada vez mais visibilidade e informação sobre a condição. Por isso, 11 de abril foi definido como o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson

 

O Parkinson foi descoberto há pelo menos 200 anos, segundo o Ministério da Saúde, e é uma doença neurológica que afeta os movimentos da pessoa. “Causa tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, além de alterações na fala e na escrita. A Doença de Parkinson ocorre por causa da degeneração das células situadas numa região do cérebro chamada substância negra”, explica informativo da pasta.

 

Em entrevista ao GPS Lifetime, o neurologista Marcelo Lobo, que atua em diversos hospitais em Brasília, explica mais sobre a doença e a importância do dia de conscientização. Confira:

 

1. Como ter mais qualidade de vida quando se tem Parkinson? 

É importante que a pessoa esteja bem controlada dos sintomas. Então, ser acompanhada por um médico é o primeiro ponto. A segunda coisa é fazer uma atividade física, pois quem faz atividade física tem uma doença, em geral, mais controlada, e a pessoa tem mais funcionalidade, a doença costuma tem um impacto menor. 

 

2. Parkinson é genético ou pode ser desenvolvido por conta de estilo de vida?

No geral, é uma doença desenvolvida ao longo da vida. A gente sabe que tem alguns fatores que a geram, como a exposição a agrotóxicos, alguns componentes químicos. Tricloroetileno é um composto atribuído ao aumento da Doença de Parkinson, por exemplo.

 

Mas sabe-se que 10% dos casos podem ser geneticamente determinados. Inclusive, os casos que acometem pessoas mais jovens tem maior chance de serem de origem genética. E quando existe uma história familiar mais frequente, com várias pessoas da família com a doença, há chance de ser genético é maior. 

 

3. Há chances de reversão do Parkinson?

Há chances de reversão quando a pessoa tem um parkisonismo medicamentoso. Às vezes, o quadro parkisoniano pode ser determinado por medicações, como medicações para vertigem. Não é propriamente dito a Doença de Parkinson, mas é um quadro parkisoniano por medicação. Nesses casos, podemos tirar a medicação e o quadro pode reverter.

 

No caso da Doença de Parkinson, a degenerativa, ainda não conhecemos uma forma de reversão. Mas sempre estão aparecendo novas abordagens para reverter a doença. Novas medicações, novos fatores de risco vão sendo identificados. Abordagens cirúrgicas, sendo desenvolvidas e já estão estabelecidas há algum tempo. 

 

Hoje em dia há três focos de pesquisa. O primeiro é identificar a pessoa com grande risco de ter Parkinson, com a pesquisa de biomarcadores, exames de imagem com algum marcador químico. O segundo foco, é tentar interromper o processo da doença, que seria a neuroproteção ou drogas modificadoras da doença. E o terceiro foco, que acho muito importante, é a neuroregeneração, que seria de alguma forma repopular aquelas células perdidas, fazer com que haja uma produção dessas células de dopamina perdidas ao longo da doença.

 

Os focos citados tem graus variados de avanço. Ainda não existe nenhuma estratégia neuroprotetiva, exceto a atividade física. Sabemos que a atividade física protege as pessoas com doença de Parkinson. 

 

4. O Parkinson pode atingir pessoas de qual idade?

Sim, pode atingir pessoas de qualquer idade. Mas é mais frequente em pessoas mais velhas. Existem, no entanto, Parkinson desde pessoas mais novas, com 15, 16 anos, até a idade mais avançada, 90, 95 anos.  

A chance de desenvolver Parkinson aumenta com a idade.

 

5. Quando desconfiar que os tremores têm ligação com o Parkinson?

Quando se fala em síndrome parkinsoniana, é preciso ter lentidão de movimentos; rigidez, quando movimentamos passivamente a articulação, principalmente no punho, a gente vê uma resistência à movimentação. Além disso, o tremor do Parkinson, no geral, é o que costuma-se comparar a “contar dinheiro” ou “rolar pílulas”. É, ainda, assimétrico, um lado ser mais afetado do que o outro. Essas são as principais características do tremor. 

 

Quando temos um tremor que aparece mais quando escreve, estica a mão para frente, pega um objeto e leva à boca, esse tipo de tremor não é o que mais desconfiamos da Doença de Parkinson. 

 

6. Qual a importância de um dia de conscientização para o Parkinson?

É importante para que as pessoas que sofrem com a doença e os familiares fiquem sabendo sobre as novidades a respeito dos tratamentos, as perspectivas de reversão. Além, é claro, para que a comunidade se reconheça, encontre e saiba quem são os grupos de apoio, saber onde procurar. Ter informação, né? Informação é de suma importância. 

Redação GPS

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