Um dos mais fatais, o câncer de pulmão ceifa a vida de aproximadamente 27 mil brasileiros por ano. As estatísticas são do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e também revelam que 32.560 casos novos são diagnosticados anualmente, sendo 18 mil em homens e 14,4 mil em mulheres. Para explicar a doença que causou a morte da atriz global Aracy Balabanian, 83 anos, nesta segunda-feira (7), o GPS entrevistou o oncologista clínico da Oncologia D’Or, Lucianno Santos.
“O câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer no mundo. Trata-se de uma doença maligna que acomete os tecidos que revestem os brônquios, os próprios brônquios ou os alvéolos pulmonares. Como todo câncer, no início a maioria dos pacientes não apresenta nenhum ou poucos sintomas. A presença de sintomas geralmente está associada a tumores que já atingiram tamanhos maiores”, alertou o médico.
Existem dois grandes tipos principais de câncer de pulmão: pequenas células e de não pequenas células. O primeiro é o mais agressivo e pode se disseminar rapidamente para o corpo (metástases). O segundo correspondes ao grupo mais comum, sendo o subtipo mais corriqueiro o adenocarcinoma. “O principal vilão para o desenvolvimento da doença é o uso do tabaco em todas as suas formas, que é responsável por 75% a 85%. Além do tabaco, outros elementos estão envolvidos como a poluição e exposição prolongada a fumaça de fogão a lenha”, informou Santos.
De acordo com o médico, os principais sintomas do câncer de pulmão são tosse persistente, dor no tórax e falta de ar. Outros sinais relacionados são: rouquidão, perda de peso e fadiga. “O diagnóstico precoce é o fator mais importante para o sucesso do tratamento, uma vez que a chance de cura é inversamente proporcional ao tamanho do tumor. Quanto menor o tumor (diagnóstico precoce), maior a chance de cura do paciente”, explicou o médico.
Segundo ele, a suspeita diagnóstica quase sempre vem após um exame de imagem, em geral, uma tomografia computadorizada do tórax. A confirmação exige a coleta de material do tumor para análise patológica. O material pode ser retirado com uma biópsia guiada por tomografia, que constitui um grande avanço no diagnóstico do câncer de pulmão. Além disso, a coleta pode ser feita com o exame de broncoscopia nos tumores localizados na região mais central do pulmão.
Tratamento – O oncologista Lucianno Santos avalia que os últimos avanços na oncologia torácica têm permitido que pacientes com câncer de pulmão metastático alcancem longa sobrevida, associada a manutenção da qualidade de vida com mínima necessidade de internações hospitalares ou afastamento das atividades do cotidiano.
O tratamento precisa de assistência multidisciplinar, envolvendo várias especialidades como cirurgia torácica, oncologia clínica e radio-oncologia. Os principais tratamentos são a cirurgia, radioterapia e os tratamentos sistêmicos. Entre os sistêmicos, está a quimioterapia e a terapia-alvo (drogas de uso oral em geral).
“A imunoterapia e as drogas-alvo constituem grandes avanços no controle do câncer de pulmão, mas ressaltamos que nem todo paciente com câncer de pulmão será tratado com droga-alvo ou imunoterapia; esta definição passa pela avaliação do oncologista clínico em conjunto com a análise molecular do tumor para definição do tratamento mais adequado”, explicou Lucianno Santos.
Como mensagem final reforçamos a importância de nunca fumar ou abandonar o tabagismo o quanto antes, medida esta que reduzirá imensamente o número de novos casos de câncer de pulmão. Para o tabagista torna-se importante procurar um especialista médico, como o pneumologista, cirurgião torácico ou oncologista clínico para inserção em programas de rastreamento e detecção precoce do câncer de pulmão.