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Entenda como a quebra de banco nos EUA afeta o Brasil

Falência do banco Silicon Valley Bank e corrida para saques despertaram a desconfiança de clientes e investidores

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O banco americano Silicon Valley Bank (SVB) entrou oficialmente em processo de falência. O banco tinha como foco o segmento de startups, que encontraram dificuldades financeiras após um aumento na taxa de juros no país. O SVB se tornou a maior instituição financeira a declarar falência desde 2008, no caso Lehman Brothers, que desencadeou uma crise financeira nos EUA.

 

O aumento dos juros se deu por conta da inflação que vem ocorrendo nos Estados Unidos desde o início da pandemia, quando o governo americano praticamente dobrou o valor injetado na economia, passando de U$ 3,8 trilhões para algo em torno de U$ 7,6 trilhões, o que fez com que a inflação tivesse um aumento próximo de 4%.

 

As startups filiadas ao Silicon Valley Bank encontraram dificuldades para fazer o levantamento de créditos, uma vez que ficaram mais caros em decorrência do aumento dos juros no país. E como os títulos de crédito nos EUA são prefixados (a taxa de retorno é definida seguindo os juros vigentes no momento do investimento), os clientes optam por retirar o dinheiro antes do prazo, e reaplicar com os juros atuais, que irão render mais.

 

O aumento dos juros desencadeou em uma corrida entre os clientes para realizar o saque das aplicações, o que fez com que o banco ficasse sem caixa, resultando na dissolução total do banco. O governo dos EUA, então, foi obrigado a assumir o controle sobre todos os clientes do SVB, para evitar uma quebra no mercado financeiro.

 

Os Estados Unidos possuem um fundo que visa assegurar o depósito dos correntistas em casos de quebra como este, com um valor que está estipulado em até U$ 250 mil. O fundo se chama Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC). Porém, diversas startups envolvidas com o banco possuíam valor superior ao limite imposto pelo fundo, o que fez com que o governo tivesse que tomar uma outra postura em relação ao ressarcimento.

 

A decisão tomada pelo governo dos Estados Unidos foi de ignorar o limite de 250 mil dólares, e ressarcir 100% do valor para todos que possuíam conta corrente no SVB. O objetivo de tal ação foi impedir que a quebra do banco se tornasse uma bola de neve, com a quebra de diversas startups, e que seguiria para diversos outros setores da economia.

 

Já aquelas pessoas que possuíam parte das ações do banco na bolsa de valores, terão de arcar com o prejuízo, uma vez que o fundo do governo não cobre esse tipo de investimento.

 

Para o economista Mauro Chuairi, esta ação rápida do governo americano foi o que evitou que a quebra do Silicon Valley Bank se tornasse algo de proporções parecidas com a crise econômica de 2008, após a quebra do banco Lehman Brothers.

 

Segundo Mauro, o impacto da quebra do SVB, ao contrário do que muitos imaginam, não será negativo. “O motivo para isso é que a política monetária dos Estados Unidos será obrigada a diminuir os juros, para que eventos como esse não ocorram de novo. Por consequência, os juros no Brasil também irão enfrentar uma redução“, destaca.

 

Essa redução de juros no Brasil fará com que o mercado possa avançar novamente, uma vez que ficará mais fácil para as empresas realizar a compra de créditos, resultando também num aumento nas ações de diversas empresas e investimentos de criptomoedas, uma vez que tais ações ficam mais atrativas com a baixa dos juros.

 

Apesar de nenhum banco brasileiro ter ligação direta com o Sillicon Valley Bank, as pessoas estão preocupadas com o dinheiro que têm investido nos bancos, com dúvidas sobre o que pode acontecer, e se devem retirar seus investimentos. Para Mauro, a resposta é não. “Os investimentos em bancos brasileiros estão seguros. O risco de uma reação em cadeia com a quebra do banco americano é muito baixo“, explica.

 

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