O número de brasileiros com dívidas voltou a subir em abril, alcançando 77,6% das famílias, segundo levantamento divulgado nesta segunda-feira (12) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O índice representa um aumento de 0,5 ponto percentual em relação ao mês anterior (77,1%) e reforça a tendência de alta observada nos últimos meses.
O maior impacto é sentido pelas famílias com renda de até três salários mínimos, que seguem como as mais vulneráveis. Entre elas, 81,1% relataram estar endividadas – a maior proporção entre todas as faixas de renda. Dentro desse grupo, 37% afirmaram ter contas em atraso e 17,5% disseram não ter condições de quitar os débitos.
O cartão de crédito segue como a principal forma de endividamento, presente em 83,8% dos casos. Em seguida, aparecem os carnês (17,4%), o crédito pessoal (10,5%) e os financiamentos de veículos (9,0%) e imóveis (8,8%).
Apesar do número elevado de famílias endividadas, a CNC alerta que o dado mais preocupante é o avanço da inadimplência. Em abril, 29,1% das famílias tinham dívidas em atraso, um patamar semelhante ao registrado em janeiro deste ano. O índice de famílias que afirmam não ter condições de pagar essas dívidas também cresceu: passou de 12,1% em abril de 2024 para 12,4% no mesmo mês deste ano.
Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o cenário é preocupante, sobretudo entre as camadas de menor renda. “O crescimento da inadimplência, especialmente entre as famílias de menor renda, acende um alerta para o equilíbrio financeiro das famílias brasileiras. Embora o volume de endividados não tenha atingido novos recordes, a dificuldade dos núcleos familiares em honrar os compromissos aponta um cenário que exige atenção”, avaliou.
As projeções da CNC indicam que o endividamento deve continuar em alta ao longo de 2025, com avanço estimado de 2,4 pontos percentuais até dezembro. Já a inadimplência pode crescer 0,5 ponto percentual, pressionada, principalmente, pelos juros elevados.