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Endividamento de famílias cai em setembro, mas inadimplência aumenta, revela CNC

Cartão de crédito é usado por 30% dos consumidores para compras de alimentação e vestuário
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

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O uso do cartão de crédito permanece significativo entre os brasileiros com dívidas, conforme aponta um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A pesquisa revela que 30% dos consumidores endividados utilizam o cartão de crédito para a aquisição de itens de alimentação, vestuário e calçados, destacando o papel deste meio de pagamento no consumo cotidiano, mesmo em um cenário de juros elevados.

Segundo o levantamento, o cartão de crédito raramente é utilizado para despesas com educação, com 70% dos entrevistados afirmando que nunca pagam essas despesas por meio dessa modalidade. Já no pagamento de serviços básicos, como energia elétrica e telecomunicações, 67% relataram não utilizar o cartão, enquanto 11% afirmaram fazer uso frequente para esse tipo de gasto.

Em relação às despesas com saúde e higiene pessoal, 52% dos consumidores disseram não usar o cartão de crédito para pagar por serviços de saúde, como planos e medicamentos. Contudo, 17% indicaram utilizar essa forma de pagamento com frequência para esses fins. Para a compra de móveis e eletrodomésticos, 39% nunca utilizam o cartão, enquanto 26% fazem uso regular. Além disso, 30% dos consumidores relataram que o cartão é usado com frequência para compras em supermercados e refeições fora de casa.

De acordo com o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, a dependência do crédito para despesas diárias pode aumentar o risco de inadimplência, mesmo diante de uma queda geral no endividamento. “A alta taxa de juros tem encarecido o acesso ao crédito, o que afeta tanto os consumidores quanto as empresas. É necessário encontrar um equilíbrio para evitar maiores impactos econômicos”, afirma Tadros.

O estudo também aponta que o endividamento das famílias brasileiras registrou queda pelo terceiro mês consecutivo, atingindo 77,2% em setembro de 2024, uma redução em comparação aos 78% de agosto. No entanto, o índice de inadimplência voltou a subir, atingindo 29%, interrompendo três meses de estabilidade. O percentual de famílias que declararam não ter condições de quitar suas dívidas subiu para 12,4%, o maior valor desde novembro de 2023.

As projeções da CNC indicam que o endividamento das famílias pode voltar a crescer no último trimestre de 2024, impulsionado pelas compras de fim de ano e pelas altas taxas de juros. A expectativa é que o percentual de famílias endividadas suba para 78,6% até dezembro, e a inadimplência atinja 29,4%.