A peça que faltava na sala de troféus do São Paulo finalmente foi conquistada neste domingo (24). Diante de um público de 63 mil pessoas, o time tricolor empatou por 1 x 1 com o Flamengo e se sagrou campeão da Copa do Brasil, título inédito na história do clube, 23 anos após bater na trave. Rodrigo Nestor, com um lindo chute de fora da área, fez o gol que deu a taça ao time paulista. Bruno Henrique balançou as redes para os cariocas.
O título da Copa do Brasil marca uma temporada em que o São Paulo estreita ainda mais os laços com o torcedor, presente em grande público no Morumbi desde o início de 2023. O são-paulino foi essencial para fazer da casa tricolor um trunfo durante um ano com desempenhos irregulares da equipe. Dorival Júnior, por sua vez, foi capaz de amenizar a pressão pelos recentes insucessos do clube, driblando o excesso de lesões e recuperando o futebol de atletas importantes, como Nestor e Pablo Maia. O treinador é o primeiro na história a conquistar o torneio duas vezes consecutivas – no ano passado, venceu justamente comandando o Flamengo.
O troféu da Copa do Brasil também significa uma oxigenação nos cofres do São Paulo, dono de um passivo de R$ 600 milhões e com dificuldades na geração de novas receitas. O clube, que já havia recebido R$ 18 milhões em premiação com a chegada à final, leva agora uma bolada de R$ 70 milhões da CBF por vencer a competição, e garante uma vaga na fase de grupos da Copa Libertadores.
Depois de vencer o confronto de ida por 1 x 0 no Maracanã, o São Paulo subiu ao gramado do Morumbi precisando de apenas um empate para ficar com o título. Assim como na partida do Rio, o calor não deu trégua e a temperatura chegou a 36,5° – dia mais quente do ano – enquanto a bola rolava no primeiro tempo. Contando com o retorno de Arrascaeta após lesão, o Flamengo começou tomando a iniciativa da partida, buscando jogadas pelo meio e principalmente na esquerda. O São Paulo apostou nas bolas esticadas para Calleri e teve dificuldades em construir tabelas.
Aos oito minutos, Arboleda sentiu a coxa e precisou ser substituído por Diego Costa. A torcida são-paulina gritou o nome do zagueiro equatoriano, mas não escondeu a apreensão depois da saída do experiente defensor. O Flamengo começou a explorar mais o lado direito da defesa e levou perigo aos 18 minutos, obrigando Rafael a fazer defesa à queima-roupa na finalização de Gerson. A torcida entendeu o momento e passou a empurrar o São Paulo, que começou a ganhar terreno no campo adversário e, consequentemente, a controlar mais o jogo.
O São Paulo não tinha pressa. Se defendia relativamente bem, mas chegava pouco. O Flamengo encontrou poucos espaços para entrar na área, mas quando achou, foi letal. Aos 43, Pulgar chutou cruzado e Bruno Henrique completou para o gol após a bola ainda bater na trave. O Morumbi emudeceu apenas por um instante e os torcedores logo começaram a apoiar a equipe. O estádio foi ao delírio pouco tempo depois, quando Rodrigo Nestor acertou um lindo chute de fora da área e deixou tudo igual, aos 49. O meia de 23 anos não segurou as lágrimas e foi ovacionado na saída para o intervalo.
O São Paulo voltou para o segundo tempo com uma postura diferente, dividindo bolas e saindo mais para o ataque. Calleri teve função importante ganhando disputas no alto, enquanto Nestor e Lucas eram os responsáveis por reger a criação de jogadas. O Flamengo insistiu nas jogadas pelo lado esquerdo, mas encontrou menos espaço do que na etapa inicial e levou perigo em chutes de longe.
Após os 20 minutos, a partida começou a ficar picotada, com o árbitro Braulio da Silva Machado marcando muitas faltas. O São Paulo começou a administrar a vantagem e Dorival recorreu ao banco de reservas para oxigenar o time. Rodrigo Nestor teve mais uma vez o nome gritado pela torcida ao ser substituído por Michel Araújo. Sampaoli colocou Gabigol em campo, mas o centroavante tocou pouco na bola depois que Gerson e Arrascaeta foram substituídos.
Conforme o tempo regulamentar ia se aproximando do fim, os são-paulinos começaram a cantar cada vez mais alto, batendo com as mãos no alambrado do Morumbi. O anúncio do público de 63.077 mil pessoas foi muito aplaudido, uma saudação ao 12º jogador que foi o torcedor durante a campanha do título – a partida registrou também a segunda maior renda bruta da história do futebol, com R$ 24.520.800,00 arrecadados. Nos acréscimos, o torcedor vibrou a cada bola isolada para longe da área e a cada dividida, soltando em uníssono o grito de campeão após o apito final.
SÃO PAULO 1 x 1 FLAMENGO
SÃO PAULO – Rafael; Rafinha, Arboleda (Diego Costa), Beraldo e Caio Paulista (Wellington); Pablo Maia, Alisson (Gabriel Neves), Wellington Rato (Michel Araújo) e Rodrigo Nestor (Luciano); Lucas e Calleri. Técnico: Dorival Júnior.
FLAMENGO – Rossi; Wesley, Fabrício Bruno, Léo Pereira e Ayrton Lucas; Erick Pulgar, Thiago Maia (Luiz Araújo), Gerson (Victor Hugo) e Arrascaeta (Everton Ribeiro); Bruno Henrique e Pedro (Gabigol). Técnico: Jorge Sampaoli.
GOLS – Bruno Henrique, aos 43, e Rodrigo Nestor, aos 49 do primeiro tempo.
CARTÕES AMARELOS – Alisson, Pablo Maia, Rafinha e Gabriel Neves (São Paulo); Léo Pereira, Fabrício bruno (Flamengo).
CARTÃO VERMELHO – Gabriel Neves (São Paulo)
ÁRBITRO – Braulio da Silva Machado (Fifa-SC).
PÚBLICO – 63.077 torcedores.
RENDA – R$ 24.520.800,00.
LOCAL – Morumbi (SP).