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Na TV, Lula enfrenta Trump, chama Bolsonaro de traidor e promete retaliação contra tarifaço

Pronunciamento do presidente brasileiro foi veiculado em rede nacional às 20h25 desta quinta-feira (17)

Em pronunciamento oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu com indignação à carta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em que o governo norte-americano ameaça o Brasil com tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Em defesa da soberania nacional, Lula acusou políticos brasileiros, em clara referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro, de” traição” por apoiarem a ofensiva estadunidense e alertou que o governo usará todos os instrumentos legais e diplomáticos para proteger a economia e o Judiciário do País.

A declaração foi veiculada em rede nacional pelo governo federal às 20h25 desta quinta-feira (17). Em um dos pontos mais fortes do pronunciamento, o presidente prometeu recorrer à Organização Mundial do Comercio (OMC) e à Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso Nacional, para responder ao tarifaço norte-americano. 

“Não há vencedores em guerras tarifárias. Somos um país de paz, sem inimigos, acreditamos no multilateralismo e na cooperação entre as nações. Mas que ninguém se esqueça que o Brasil tem um único dono: o povo brasileiro”, disse o petista. 

O pronunciamento

Lula iniciou o pronunciamento classificando o anuncio do tarifaço como uma “chantagem inaceitável em forma de ameaça às instituições brasileiras e com informações falsas sobre o comercio entre o Brasil e os Estados Unidos”. “Contamos com um Poder Judiciário independente. No Brasil, respeitamos o devido processo legal, os princípios da presunção da inocência, do contraditório e da ampla defesa“, enfatizou.

Tentar interferir na justiça brasileira é um grave atentado à soberania nacional. Só uma pátria soberana é capaz de gerar empregos, combater desigualdades, garantir saúde e educação, promover o desenvolvimento sustentável e criar as oportunidades que as pessoas precisam para crescer na vida”, afirmou. 

O chefe do Executivo prosseguiu a fala defendendo que sua “indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem apoio de alguns políticos brasileiros”, referindo-se, ainda que sem citar nominalmente, ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA para evitar uma possível prisão no Brasil, conforme declarou o ex-mandatário do País recentemente. O parlamentar também é apontado como articulador de Bolsonaro junto ao governo norte-americano. 

“São verdadeiros traidores da pátria. Apostam no quanto pior, melhor; não se importam com a economia do país e os danos causados ao nosso povo”, criticou Lula. 

O discurso do presidente também mirou outro tema sensível na relação dos EUA com o Brasil: a regulação das plataformas digitais. Segundo Lula, a defesa da soberania do País também se aplica à atuação das redes sociais estrangeiras em território nacional. “Para operar no nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras são obrigadas a cumprir as regras. No Brasil, ninguém está acima da lei”. 

Lula lembrou que o governo está mobilizando setores produtivos, sociedade civil e sindicatos para discutir os impactos do tarifaço na economia nacional e rebateu as acusações de práticas desleais, destacou o superávit americano e os avanços ambientais, como a redução do desmatamento da Amazônia e a criação do Pix, que chamou de “patrimônio do povo”.

Confira a íntegra do pronunciamento:

“Fomos surpreendidos na última semana por uma carta do presidente norte-americano, Donald Trump, anunciando a taxação dos produtos brasileiros em 50% a partir de 1º de agosto. O Brasil sempre esteve aberto ao diálogo. Fizemos mais de 10 reuniões com o governo dos EUA, encaminhamos em 16 de maio uma proposta de negociação; esperávamos uma resposta e o que veio foi uma chantagem inaceitável, em forma de ameaça às instituições brasileiras e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos. Contamos com um Poder Judiciário independente. No Brasil, respeitamos o devido processo legal, os princípios da presunção da inocência, do contraditório e da ampla defesa. Tentar interferir na justiça brasileira é um grave atentado à soberania nacional. Só uma pátria soberana é capaz de gerar empregos, combater desigualdades, garantir saúde e educação, promover o desenvolvimento sustentável e criar as oportunidades que as pessoas precisam para crescer na vida.

Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem apoio de alguns políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da pátria. Apostam no quanto pior, melhor; não se importam com a economia do país e os danos causados ao nosso povo. Minhas amigas e meus amigos, a defesa da nossa soberania também se aplica à atuação das plataformas digitais estrangeiras no Brasil. Para operar no nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras são obrigadas a cumprir as regras. No Brasil, ninguém está acima da lei. É preciso proteger as famílias brasileiras de indivíduos e organizações que se utilizam das redes digitais para promover golpes e fraudes, cometer crimes de racismo, incentivar a violência contra as mulheres e atentar contra a democracia, além de alimentar o ódio, a violência e o bullying entre crianças e adolescentes, em alguns casos levando à morte, e desacreditar as vacinas, trazendo de volta doenças há muito tempo erradicadas.

Estamos nos reunindo com representantes dos setores produtivos, da sociedade civil e sindicatos em uma grande ação conjunta que envolve a indústria, o comércio, o setor de serviços, agrícola e os trabalhadores. Estamos juntos na defesa do Brasil e faremos isso de cabeça erguida, seguindo o exemplo de cada brasileiro que acorda cedo e vai à luta para trabalhar, cuidar da família e ver o Brasil crescer. Seguiremos apostando nas boas relações diplomáticas e comerciais, não apenas com os EUA, mas com todos os países do mundo.

A primeira vítima de um mundo sem regras é a verdade. São falsas as alegações sobre práticas comerciais desleais brasileiras. Os EUA acumulam há mais de 15 anos um robusto superávit comercial de US$ 410 bilhões. O Brasil hoje é referência mundial na defesa do meio ambiente. Em dois anos, já reduzimos pela metade o desmatamento da Amazônia e estamos trabalhando para zerar o desmatamento até 2030. Além disso, o Pix é do Brasil; não aceitaremos ataques ao Pix, que é um patrimônio do nosso povo. Temos um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo e vamos protegê-lo.

Quando tomamos posse na Presidência da República em 2023, encontramos o Brasil isolado do mundo. Nosso governo, em apenas dois anos e meio, abriu 379 novos mercados para os produtos brasileiros no exterior e estamos construindo parcerias econômicas com a União Europeia, África, Ásia e nossos vizinhos da América Latina e do Caribe. Se necessário, usaremos todos os instrumentos legais para defender a nossa economia, desde recursos à OMC até a Lei da Reciprocidade aprovada pelo Congresso Nacional.

Não há vencedores em guerras tarifárias. Somos um país de paz, sem inimigos, acreditamos no multilateralismo e na cooperação entre as nações. Mas que ninguém se esqueça que o Brasil tem um único dono: o povo brasileiro”. 

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