Siron Franco deixa seu refúgio em Goiânia, onde vive isolado da urbe, e vem a Brasília mais uma vez, trazendo sua arte contextualizada de forte expressividade para as urgências que assolam a vida humana. Nesta ocasião, ele expõe a olho nu a crítica situação da água potável no mundo frente à sua escassez.
Trata-se de uma escultura, intitulada Santo Graal, que jamais esteve na capital e será instalada na Praça Zumbi dos Palmares, entre o SESI LAB e o CONIC, no Setor de Diversões Sul, e segue até o aniversário de Brasília, 21 de abril. A obra, criada utilizando aço, garrafa pet e água potável, forma uma jaula com dimensões de 2m X 1m X 1m.
Em seu interior, uma garrafa com água impossível de ser alcançada com a mão. “Fiquei muito chocado ao saber que dois bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à água potável. A água é nosso Santo Graal”, afirma o artista, reforçando que “ignorar essa realidade significa colocar em risco a própria humanidade”.
Quando questionado, ele próprio se refere à sua arte como tentativa de deixar um testemunho de época em forma de crônica visual. Quem o conhece entende que a densidade de suas obras factuais, sejam esculturas, instalações ou quadros, a todo tempo convergem com a atmosfera onírica do seu universo poético.
O artista goiano
Nascido em Goiás Velho, em 1947, Siron é reconhecido como o cronista visual de seu tempo. Realizou inúmeras instalações públicas temporárias com trabalhos indicativos de seu comprometimento político com as realidades do Brasil: as antas instaladas no gramado da Esplanada dos Ministérios, a série de pinturas Césio, em resposta ao acidente radioativo em Goiânia com cápsula de Césio 137, a escultura instalada na Praça do Compromisso em homenagem ao índio Galdino, da etnia Pataxó, queimado enquanto dormia na parada de ônibus da 703/704 Sul. Mais recentemente, Renascimento, na Casa das Rosas, em São Paulo, homenageia as vítimas da Covid 19.
Aliado a essa missão de empregar o fantástico para trazer à tona questões políticas e sociais, Siron ganhou espaço e méritos ao longo de cinco décadas de carreira com exposições em importantes no MASP, MAM-RJ, MAM-SP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, The Bronx Museum of the Arts, nos Estados Unidos, e Nagoya City Art Museum, no Japão. Na Bienal Internacional de São Paulo foi premiado em sua 13ª edição.