GPS Brasília comscore

Elize Matsunaga é investigada por falsificar antecedentes

Polícia acredita que ex-detenta, condenada por esquartejar o marido, adulterou documentos para conseguir emprego em uma empresa no interior de São Paulo

Compartilhe:

Condenada a mais de 16 anos por ter matado e esquartejado o corpo do marido, Elize Matsunaga, de 41 anos, está sendo investigada pela Polícia Civil por **suposto uso de documento falso**. Ela teria adulterado um atestado de antecedentes criminais para conseguir emprego em uma empresa de construção civil, em Sorocaba, interior de São Paulo. A ex-detenta cumpre pena em liberdade condicional. Na segunda-feira (27), **Elize foi conduzida pelos policiais a um distrito policial, mas foi liberada depois de prestar depoimento**.

Conforme a investigação, no final do ano passado, Elize participou do processo de seleção de uma construtora, em Sorocaba, para a função de acompanhar obras em condomínios. **Ao apresentar a documentação, ela teria usado o atestado de antecedentes de outra pessoa, sobrepondo no documento seu nome de solteira, Elize Araújo Giacomini**. A suposta falsificação foi denunciada e resultou em inquérito aberto no 8º Distrito Policial. Sem conseguir o emprego, Elize se mudou para Franca e passou a trabalhar como motorista de aplicativo.

Na segunda-feira, equipes de policiais civis realizaram diligências em Sorocaba e Franca para cumprir um mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça. Elize, no entanto, estava se deslocando em seu Honda Fit justamente para Sorocaba e foi abordada na chegada à cidade. **Conduzida ao distrito policial, ela prestou depoimento na presença do advogado e foi liberada**. À polícia, ela negou que tenha sido autora da falsificação.

**Secretário**

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, confirmou a investigação em sua página no Instagram. “_A Polícia Civil identificou que Elize Matsunaga usava documento falso em Sorocaba. Infelizmente, a reincidência criminal é uma das realidades com a quais nossas polícias se deparam. Ela havia sido solta na progressão de pena, que se demonstra um entrave para segurança pública_”, escreveu.

O advogado de Elize, Luciano Santoro, disse que sua cliente **nega com veemência a falsificação**. Segundo ele, o artifício não seria necessário, pois o processo em que a mulher foi condenada pela morte do marido ainda não transitou em julgado, ou seja, não foi encerrado definitivamente. Com isso, seu atestado sairia sem o apontamento de antecedentes criminais.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que a Polícia Civil de Sorocaba realizou uma operação denominada “_Nada Consta_” para verificar denúncia anônima sobre falsificação de documentos. “_Durante diligências, a polícia identificou que uma egressa do sistema prisional estava utilizando um atestado de antecedentes criminais falsificado_”, disse.

Ainda segundo a pasta, a irregularidade foi comprovada após exames periciais que resultaram na instauração de inquérito policial e, mediante ordem judicial, dado cumprimento a um **mandado de busca e apreensão**. Sem citar Elize, a nota confirma que a autora foi levada à delegacia e formalmente indiciada pelo crime de uso de documento falso. Um notebook e o aparelho celular foram apreendidos e periciados.

**O crime**

Elize Matsunaga matou com um tiro na cabeça o marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, dono da indústria de alimentos Yoki, em maio de 2012, no apartamento do casal, na Vila Leopoldina, em São Paulo. **Em seguida, ela esquartejou o corpo, colocou as partes em sacos e usou seu carro para espalhar os pedaços em áreas verdes da Região Metropolitana**.

Durante a investigação, Elize confessou o crime e alegou que o marido a agredia e a traía. Condenada inicialmente a 19 anos e 11 meses de prisão, seu advogado entrou com recurso e, em 2019, ela teve a pena reduzida para 16 anos e 3 meses por ter confessado o crime. **Em maio de 2022, após cumprir dez anos de prisão e registrar bom comportamento na Penitenciária Feminina de Tremembé, ela obteve a progressão para o regime aberto**.

Depois de tentar o emprego em Sorocaba, **Elize se mudou para Franca, onde trabalha como motorista de aplicativo**. A empresa **Maxim** confirmou que a ex-detenta está cadastrada em sua plataforma e atua como motorista de aplicativo usando o nome de solteira, Elize Araújo Giacomini.

Ela foi aprovada no processo de cadastramento e seleção e figura como “_bem avaliada_” pelos passageiros. **Pessoas que utilizaram os serviços de Elize a descreveram como uma motorista discreta e respeitosa**. A ex-detenta deve cumprir a pena em liberdade, com restrições, até 2028.