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Duas vezes Chico: filho de Cássia Eller bate papo exclusivo com o GPS|Brasília

O cantor e músico carioca que passava os verões de férias no Park Way, em Brasília, lança Estopim, seu segundo álbum solo

Por Hédio Ferreira Júnior 

Poderia ser Francisco, ser Chico Eller, ser Chicão. Mas ele preferiu ser duas vezes Chico, ou, simplesmente, Chico Chico. É o resultado do que o cantor, músico e compositor carioca define como “busca saudável” de autonomia e identidade própria. O vozeirão rasgante, o misto de timidez e descontração em meio às gargalhadas do cara que circula com desenvoltura pelos botecos dos “coroas” em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, entregam a origem – além da mais evidente, que é a semelhança física com a mãe, a cantora Cássia Eller (1962-2001). 

Eu gostei da sonoridade de Chico Chico. E eu estava tentando me desvencilhar, de uma maneira saudável, para mim, do nome da minha mãe. Não me desvencilhar dela, nem mudar a voz, que é o jeito que canto, mas tentar fazer uma outra história, que é o que eu acho que me dá um pouco mais de tesão”, conta sobre a escolha do seu nome artístico em conversa exclusiva com a GPS|Brasília, enquanto passava uns dias em São Paulo, onde foi tratar de um novo projeto. 

Duas vezes Chico: filho de Cássia Eller bate papo exclusivo com o GPS|Brasília

O artista nasceu e cresceu em meio à música. Filho biológico de Cássia com o músico Tavinho Fialho, que morreu dias antes do seu nascimento, Chico Chico aprendeu a tocar percussão aos quatro anos de idade. Em janeiro de 2001, ainda com sete anos, fez uma participação especial tocando percussão, enquanto a mãe fazia um cover de Smells Like Teen Spirit, do Nirvana, para um público de cerca de 200 mil pessoas no Rock in Rio. Ali ganhou seu primeiro cachê: R$ 20, dados por ela.

O apelido familiar de Chico Chico foi imortalizado na gravação que Renato Russo, no Legião Urbana, escreveu especialmente para Cássia, quando ela estava grávida dele: “O que fazes por sonhar/ É o mundo que virá pra ti e para mim./ Vamos descobrir o mundo juntos baby/ Quero aprender com o teu pequeno grande coração/ Meu amor, meu amor”. No Acústico MTV, álbum lançado em maio de 2001, Cássia Eller incluiu “Chicão” no final da letra. 

O cantor é irreverente, acessível e figura fácil nas ruas de Santa Teresa, onde mora. Aos 31 anos, anda frequentemente de bermudão, chinelos e, ultimamente, com um inseparável boné verde. Sentar ao meio-fio para fumar um cigarro ou jogar conversa fora tomando cerveja numa mesa de bar é o seu rolê. A música era seu plano B, depois de considerar ser jogador de futebol e professor de Geografia. O Vasco, sua paixão. “Eu tenho minha vida normalíssima. Cervejinha, bar, amigos, música… e os meus cachorros”, resume, sobre seus prazeres.

A irreverência e o estilo independente de Chico Chico agora estão sob a tutela da Deck, gravadora que cuida da sua carreira desde outubro de 2023. Acaba de lançar Estopim, segundo álbum solo que traz, além de canções próprias, parcerias com os músicos Tui, Jotinha e Sau Pessoa. A produção é de Pedro Fonseca, o Fonsa, seu amigo de colégio no Rio, a quem ele atribui, com uma quase reverência, a maestria de “moldar” sua sonoridade eclética. O trabalho traz 11 faixas que costuram estilos que vão do rock ao baião, passando por samba de roda, folk e ritmos nordestinos que falam do cotidiano, da natureza, do amor e da saudade. “As pessoas com quem eu já trabalhei sempre tiveram uma composição muito diversa e isso acaba impresso nos trabalhos que a gente faz, essa coisa, assim, meio eclética”.

Duas vezes Chico: filho de Cássia Eller bate papo exclusivo com o GPS|Brasília

Capa do álbum Estopim

Chico Chico, que roda o País com a Banda Banda, quer fazer com que sua música alcance mais e mais pessoas. E rebate a análise de que ele segue imune ao vírus e vícios do mercado fonográfico. “Eu não quero ficar imune, não. Eu quero que me escutem e nos chamem para tocar. E é um som que gostamos de fazer”, diz ele. “Eu não sei muito como explicar porque não pensamos nisso. Não fazemos um som pensando o que atende ao mercado. É a maneira que gostamos de trabalhar”. 

Em 2022, o cantor e compositor teve a música Ribanceira incluída na trilha sonora do remake da novela Pantanal, na TV Globo. Para ele, ter uma canção em um dos principais produtos da maior emissora do País é legal, mas não chega a encher os olhos. “Cara, sinceramente, é legal pra caramba, mas acaba a novela e acaba a música. Não é uma garantia de nada. Por um lado, as pessoas vêm falar comigo, conhecem mais, mas não acho que faça tanta diferença. A minha mãe, mesmo, via a novela só pra ficar me escutando”, confidencia, entre risadas.

Chicão e Brasília

O menino carioca que passava as férias de verão na casa da tia Fofó, no Park Way, em Brasília, onde vive a família da outra mãe, a Maria Eugênia – parceira de Cássia Eller quando ele nasceu e por quem também foi criado –, tem voltado à cidade para trabalhar. Só nos últimos 12 meses foram duas apresentações no Infinu, na 506 Sul, e uma no Coma, tradicional festival de música brasileira no Centro Cultural Banco do Brasil. Em todos eles, as tias e avós, dos dois lados da família, estavam lá, em peso.

Duas vezes Chico: filho de Cássia Eller bate papo exclusivo com o GPS|Brasília

Eu adoro Brasília. Me amarro na cidade. Já fui mais pra curtir. Eu ia mais na infância e na juventude, e agora vou mais a trabalho. Quando eu vou, fico lá, entocado na casa da minha tia. Tem meu primo que é músico, mora em Brasília e sempre toca com a gente. E tem também a família da minha mãe Cássia: Carla, Cláudia…”, conta ele, que esteve na cidade pela última vez “para curtir” em dezembro de 2023, no Festival Brasil É Terra Indígena, no Museu Nacional da República. “As minhas lembranças estão mesmo no Park Way. A casa da tia Fofó tem uma piscininha, campo de futebol, hoje em dia tem criançada. Eu circulava pouco, grande parte pela distância do Park Way e até porque a cidade não foi feita para andar”, acredita.

Cássia Eller viveu parte da sua vida em Brasília até se despontar em um musical de Oswaldo Montenegro. E ainda que tenha nascido no Rio, vivido e cantado em Belo Horizonte e só chegado à capital aos 18 anos, sua adoção pelo público brasiliense é como se ela fosse filha do Planalto – o que Chico Chico percebe e aponta como um diferencial do público quando se apresenta no Distrito Federal. “Todo mundo diz isso e é uma verdade, apesar de clichê. Em cada lugar o público é diferente. Em Brasília, tem toda a história da minha mãe e a galera fica emocionada. É bem maneiro. O que já me incomodou, mas a gente vai crescendo, amadurecendo e entendendo”, conclui.

Duas vezes Chico: filho de Cássia Eller bate papo exclusivo com o GPS|Brasília

*A reportagem está publicada na edição de dezembro da revista GPS|Brasília (confira aqui a versão digital).

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