O aumento da percepção de risco fiscal com a novela em torno da alteração de alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) derrubou o real nesta quarta-feira (28). Embora o dólar tenha se fortalecimento globalmente, apresentou maiores ganhos em relação à moeda brasileira. Com máxima a R$ 5,71, no início da tarde, o dólar à vista fechou o pregão em alta de 0,88%, cotado a R$ 5,6952.
Com isso, o dólar passa a acumular avanço de 0,85% na semana e de 0,33% em maio. No ano, as perdas em relação ao real somam 7,85%. Operadores também enxergam a possibilidade de recomposição de posições compras por investidores estrangeiros no segmento futuro.
Mas a maior suspeita segue sendo o IOF, após as reclamações do setor produtivo e dos bancos, além da oposição do Congresso. A equipe econômica já teria que buscar receita para compensar o recuo no IOF para aplicações de fundos de investimento no exterior. Se houver novas alterações na medida, o buraco tende a crescer, o que dificulta o cumprimento da meta fiscal.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário-executivo da pasta, Dario Durigan, se reuniram nesta quarta com a nata dos banqueiros na Febraban. Durigan disse que a Fazenda recebeu a avaliação da Febraban e está aberta a discutir alterações nas medidas relacionadas ao IOF. O secretário-executivo alertou que mudanças podem reduzir a arrecadação esperada e levar a ajustes na execução orçamentária, com impactos para bloqueio e contingenciamento de recursos.
À tarde, o Ministério da Fazenda informou que o governo vai resgatar R$ 1,4 bilhão do Fundo Garantidor de Operações (FGO) e do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (FGEDUC) para compensar a perda em receitas com a reversão do IOF sobre investimentos de fundo no exterior.
Bolsa tem leve queda
Ao contrário do dólar, o Ibovespa interrompeu a série de três ganhos e teve queda de 0,47%, aos 138.887,81 pontos, em dia negativo também em Nova York. O dia foi de ajuste bem distribuído pelas ações de primeira linha, à exceção de Bradesco (ON +1,74%, na máxima da sessão no fechamento; PN +0,69%). O giro na B3 ficou em R$ 19,3 bilhões. Na semana, o Ibovespa sobe 0,77% e, no mês, avança 2,83% faltando duas sessões para o encerramento de maio – no ano, acumula ganho de 15,47%.
Na ponta do índice na sessão, Brava (+4,28%), Vamos (+3,75%) e PetroReconcavo (+3,40%). No lado oposto, Usiminas (-4,67%), Azul (-3,74%), com a confirmação de que a companhia aérea ingressou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, e CSN (-3,67%). Entre as blue chips, apesar do avanço do petróleo em Londres e Nova York, Petrobras foi destaque negativo, com a ON em baixa de 1,24% e a PN, de 0,32%, ambas nas respectivas mínimas do dia no fechamento.
Para junho, as idas e vindas em torno do IOF e sua aceitação pelo Congresso, fatores externos estruturais continuarão a dar o tom para os negócios, com efeito direto para o fluxo estrangeiro na B3, decisivo até aqui para a progressão acumulada pelo Ibovespa no ano, com renovações de máximas históricas, na casa dos 140 mil pontos.