Por Antonio Perez
O dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira, 10, em queda de 0,30%, cotado a R$ 4,8916, devolvendo parte do avanço de 0,74% na sessão de ontem. Como nos dias anteriores, o pregão foi de liquidez reduzida e oscilações muito modestas. Em baixa desde a abertura, a moeda apresentou variação de pouco mais de três centavos entre mínima (R$ 4,8788) e máxima (R$ 4,9057), ambas pela manhã.
Segundo operadores, a cautela tem pautado os negócios em meio à espera pela divulgação nesta quinta-feira, 11, do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA referente a dezembro, que pode levar a um rearranjo das apostas em torno da condução da política monetária americana. Amanhã, sai também o IPCA de dezembro, que deve mostrar aceleração em relação a novembro. Não se espera, contudo, que haja impacto relevante nas estimativas para o ritmo de corte da taxa Selic.
No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar em relação uma cesta de seis divisas fortes – operou em queda ao longo do dia, com mínimas no fim da tarde, na casa dos 102,350 pontos. Após ensaiar uma alta em relação a divisas emergentes e de exportadores de commodities, a moeda americana sucumbiu na segunda etapa de negócios. Entre pares do real, apenas o peso mexicano amargou perdas.
O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, afirma que o dólar parece não ter fôlego, no curto prazo, para se sustentar por vários pregões acima da linha de R$ 4,90 e apenas devolveu hoje um pouco a alta de ontem, acompanhando o ambiente externo de leve enfraquecimento da moeda americana.
“O clima é de cautela até que se tenha uma visão mais clara sobre as taxas de juros nos países desenvolvidos, em especial nos EUA. A espera pelo CPI foi o tema da semana até o momento, com muita especulação sobre como o Fed vai se comportar”, afirma Galhardo.
A leitura do CPI é considerada crucial para o refinamento das apostas em torno dos próximos passos do Federal Reserve. Na semana passada, após dados acima do esperado do mercado de trabalho americano, as chances de cortes de juros pelo Banco Central dos EUA em março, que chegaram a ultrapassar 80% no fim de 2023, recuaram para a faixa de 60%.
Segundo a mediana das estimativas de 26 casas de análise consultadas pelo Projeções Broadcast, o CPI deve ter avançado 0,2% em dezembro, o que representa uma leve aceleração na comparação com novembro (0,1%). Já o núcleo do CPI deve ter avançado 0,3% no mês passado, variação idêntica a de novembro.
O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, espera que o núcleo do CPI venha comportado, o que pode abrir espaço para perda de fôlego do dólar no exterior, com reflexos no mercado doméstico de câmbio. “Se o CPI de amanhã mostrar desaceleração, a curva de juros americana seguirá majoritariamente projetando redução de 25 pontos base dos juros em março, para o intervalo entre 5% e 5,25%”, afirma.