Um dia você vai à uma festa e do nada começa a tocar um som diferente, com músicas um pouco mais ritmadas, sei lá, algo que faz seu corpo se mexer mesmo que sua intenção inicial fosse somente tomar uma cerva com os amigos, talvez paquerar e relaxar. Quando se dá conta, lá está você se jogando no meio da pista. Culpa de uma DJ dona de uma baita cabeleira laranja cor de fogo, uma fênix flamejante que agora, com quase dez anos de discotecagem, decide se lançar como cantora também.
Karla Testa é figura carimbada nos agitos modernosos e alternativos da capital. Além de talentosa e ter o dom de colocar todo mundo para dançar (sim, era esse repórter o personagem da anedota relatada acima), ela é superfashion, daquelas mulheres que sustentam um modelão na maior categoria. Dona de uma energia inesgotável, acabou de fazer o show de divulgação do seu primeiro álbum na última terça-feira, 7, no Infinu da 506 Sul, para um público mais seleto composto por familiares, amigos e fãs de primeira hora.
Com look futurista by Bernardo Rostand e body harness de Karol Uchis da Pour Mademoiselle (duas marcas também de Brasília e o mesmo usado na capa do disco), Testa fez uma apresentação marcada por vozes orgânicas e sintetizadas, sobre bases eletrônicas, guitarra e sintetizador, entoando asssim as 10 faixas autorais do seu disco homônimo.
Karla Testa e Ramiro Galas
Vale destacar que esse trabalho foi feito em parceria com Ramiro Galas, e traz estilos da música eletrônica, como house, techno e trap, doses de pop, indie e synthpop. “Buscamos apresentar um trabalho com forte identidade sonora e vocal”, acentua a compositora. “Sou detalhista, reparo em tudo, memorizo muitas coisas, então tudo vai me compondo, amo pinturas, cinema, fotografia, misturo tudo, e também sou muito influenciada pela dança”, detalha a artista.
Para Otto Phelippe “Testa navega a música eletrônica original sem obviedades, mergulha em dissonâncias sonoras e poéticas sinestésicas, respira música popular e lírica para inundar de sensualidade e criatividade a mente de quem ouve, dança, e flutua na insurgência das suas águas”, declara o músico que assina, em parceria com Karla, as faixas Sacode o Corpo e Névoa Fresca.
O desejo de compor um álbum autoral vem desde 2013, quando lançou um single de música eletrônica cantada em inglês. A oportunidade chegou com o projeto aprovado no FAC – Fundo de Apoio à Cultura do DF em 2018. “Venho construindo desde então, o prazo ficou maior do que eu imaginei, mas passei por momentos em que pensei em desistir, é um processo emocional grande, dizem que 1º tem disso”, compartilha.
No álbum, Karla reúne músicas que já cantava em seus shows e outras que escreveu quando morou em SP, em 2020. De volta a Brasília, em 2021, nasceram novas. A produção musical ao lado de Ramiro Galas, daqui da cidade, “foi uma experiência maravilhosa, a gente já se conhecia, mas ainda não tinha trabalhado junto”, conta. O álbum também traz um feat com Pympym, duo de cantoras de Brasília, em Se Liberta.
“Sou uma pesquisadora musical, eu amo descobrir novos artistas e reviver os clássicos. Sou inquieta. Agora é dar um jeito de viajar com o show por todo o Brasil, e também produzir videoclipes de músicas, isso é algo que eu quero muito fazer!”, confessa a artista. E se você faz parte do grupo que não a conhece mas curioso ou é fã e está doido para ouvir Karla cantar, basta acessar o site www.karlatesta.com.br ou procura-la em todas as plataformas digitais. Outra sugestão bem boa: enquanto o som vai rolando, continue a leitura abaixo!
Bate-papo entre GPS e a cantora DJ, DJ cantora Karla Testa:
GPS: Dá para traduzir em palavras a emoção desta primeira “gestação” que vem sendo imaginada e trabalhada há tanto tempo, mas que agora acaba de virar realidade?
Karla Testa: Tô feliz! Foi um processo intenso, que demorou mais tempo do que eu imaginava, mas sinto que esse foi o melhor momento para lançar, consegui entregar um álbum que eu gostei e espero que a partir de agora ele se expanda, que eu tenha muitos shows e trabalhos pela frente, tô animada!!!
GPS: O que foi determinante para você decidir levar sua carreira nessa direção?
Karla Testa: Esse álbum já vem sendo produzido há um tempinho, há 4 anos. Eu amo ser DJ, mas também sempre quis mostrar o meu trabalho autoral como cantora, compositora e produtora musical.
GPS: Música eletrônica em vários estilos… trata-se de uma experimentação ou você se vê múltipla? São várias Karlas?
Karla Testa: É uma Karla que se permite passear por várias sonoridades, sensações e linguagens. Antes eu ficava preocupada com isso, de não entregar algo em único estilo, hoje acredito que as pessoas estão mais abertas também para se permitirem gostar de músicas que não estão tão fechadas em uma fórmula.
GPS: Sem essa de que mãe não tem filhos preferidos, conta para nós, entre as 10 músicas, qual ou quais são os bebês favoritos? (Devo admitir que curti muito as mais agitadinhas como Sacode o Corpo, U and Me e Sexta-feira)
Karla Testa: Acho que são fases…rss Agora tô curtindo as que eu escrevi recentemente: Paranoá, Sacode o Corpo e Névoa Fresca.
GPS: E Brasília nesse processo todo, a cidade pelo visto te serviu de inspiração, né? Após o show de lançamento, ansiosa para discotecar e cantar pelas festas da capital?
Karla Testa: Sim, a arquitetura e a amplitude de Brasília influenciam o meu som. É como se esses espaços vazios me instigassem a preenchê-los com composições. Estou em um momento de amor com a cidade. Estou super animada em tocar e cantar aqui, mas também quero viajar muito com esse show!
