Dormir bem é mais do que uma questão de descanso, é um alicerce fundamental para a saúde mental. Dados da Fiocruz revelam que 72% dos brasileiros enfrentam problemas relacionados ao sono, um quadro alarmante que destaca a importância de tratar a insônia não apenas como um incômodo, mas como um fator crucial para a qualidade de vida.
A psiquiatra Bianca Bolonhezi alerta que a privação de sono pode agravar transtornos como ansiedade, depressão e bipolaridade, comprometendo o bem-estar emocional e cognitivo. “Gosto de dizer que temos sete pilares na saúde mental: exercício físico, alimentação, rede de apoio, espiritualidade ou autocuidado, psicoterapia, medicação e sono. O sono é uma necessidade básica. É durante ele que o cérebro faz uma espécie de faxina: regula emoções, equilibra hormônios, fortalece o sistema imunológico e consolida memórias”, explica a médica.
A psiquiatra Bianca Bolonhezi ressalta que dormir menos de seis horas por noite pode elevar consideravelmente o risco de transtornos mentais. “Quando não dormimos o suficiente, o córtex pré-frontal e a amígdala — áreas responsáveis pelo controle emocional — ficam desregulados. Isso se traduz em mais irritabilidade, medo, impulsividade e tristeza”.
Ainda de acordo com a especialista, tanto a insônia quanto o excesso de sono podem ser prejudiciais e ambos são fatores de risco para transtornos mentais. “A insônia pode ser sintoma isolado ou indicativo de condições como depressão, ansiedade ou bipolaridade. No transtorno bipolar, por exemplo, alterações no sono podem sinalizar o início de um episódio de mania ou hipomania”, afirma.
Fase do sono profundo
Durante a fase do sono profundo, especialmente no estágio REM, o cérebro realiza processos restaurativos essenciais para o equilíbrio mental e emocional. “Nessa fase, o cérebro reduz os níveis de cortisol — o hormônio do estresse —, aumenta o hormônio do crescimento e regula as emoções. A privação crônica ou a fragmentação do sono impedem que esses mecanismos funcionem, comprometendo a neuroplasticidade e aumentando a reatividade emocional”, explica Bianca.
A especialista destaca que a privação crônica ou a fragmentação do sono impede que esses mecanismos funcionem plenamente, comprometendo a neuroplasticidade e intensificando a reatividade emocional. Em transtornos psiquiátricos, como a esquizofrenia, a qualidade do sono tem um impacto ainda mais profundo.
Além do impacto cognitivo, dormir mal também afeta o controle emocional. A privação de sono pode intensificar crises de ansiedade, episódios depressivos e oscilações de humor, tornando-se um gatilho para o desenvolvimento ou a piora dos transtornos mentais. “Dormir bem não impede que transtornos mentais ocorram, mas reduz um importante fator de risco. O ideal para adultos é dormir entre 6 e 8 horas por noite. Dormir menos ou mais do que isso pode afetar o funcionamento do cérebro e como lidamos com as emoções”, finaliza.