A estreia foi no **Festival de Cinema de Brasília**, em novembro do ano passado. Na ocasião, os diretores, Adirley Queirós e Joana Pimenta, **conquistaram cinéfilos** por seu conteúdo político-social diante de uma narrativa de quem vive na periferia. À época, **críticos** disseram se tratar de um verdadeiro **coquetel molotov**, expondo um Brasil desigual, tóxico, porém vivo e latente.
Com estreia nos cinemas e candidato a um dos grandes filmes nacionais, _Mato Seco em Chamas_ se passa nas entranhas de Ceilândia, precisamente em Sol Nascente. A trama se concentra numa gangue feminina chamada As Gasoleiras de Kebradas, que rouba e vende petróleo com apoio de motoboys. As personagens Chitara, interpretada por Joana Darc Furtado, e Léa, vivida por Léa Alves da Silva.
Chamadas de atrizes naturais, ambas são ex-presidiárias, que usam seus nomes e codinomes no filme, bem como suas sensações memoriais para compor o enredo que ora é documentário, ora e ficção, numa dinâmica quase apocalíptica que se assemelha a _Mad Max_. Tal realidade brasileira, também vivida no cinturão de pobreza do DF, reforça o contexto atual da segregação e tentativa de figuras periféricas se posicionarem, bem como o papel opressor dos guetos.

Com diversos **prêmios** no currículo desde seu primeiro longa, em 2012, _A Cidade É uma Só_, Adirley Queirós dirigiu _Mato Seco em Chamas_ com propriedade, uma vez que é de Ceilândia e sempre trouxe em seu contexto a **denúncia da realidade periférica** sob um olhar bastante inventivo. _”Eu acho que o Festival de Brasília é o mais histórico que existe, talvez até o mais importante politicamente”_, afirmou à imprensa na estreia do filme. O filme recebeu o prêmio francês 2022 do _Festival Cinéma du Réel_, em Paris.