O Brasil está envelhecendo, e rápido. Pela primeira vez, o número de brasileiros com 65 anos ou mais superou o de crianças com até 5 anos, segundo dados do IBGE. Esse marco revela uma mudança na estrutura etária da população e acende um alerta, como garantir que os anos a mais sejam também anos com qualidade de vida?
Neste Dia Nacional da Saúde, celebrado em 5 de agosto, o debate sobre o envelhecimento ganha destaque em meio a projeções demográficas que apontam para um País com mais de 75 milhões de idosos até 2070. A boa notícia é que há caminhos claros para envelhecer bem. Segundo especialistas, três pilares sustentam uma longevidade saudável: alimentação equilibrada, saúde mental em dia e prática regular de atividade física.
Alimentação
Entre os principais pilares para um bom envelhecimento, está a alimentação. A nutricionista Carolina Yoshioka explica que a chave para um envelhecimento ativo pode estar no prato. Segundo a especialista, os aminoácidos são decisivos para manter a força, a imunidade e a autonomia após os sessenta anos.
Um dos principais fatores que limitam a autonomia com o passar dos anos é a sarcopenia, um nome complexo para um processo comum, a perda progressiva de massa e força muscular. Ela começa de forma silenciosa, mas seus efeitos são concretos, aumentando o risco de quedas, dificultando tarefas simples como carregar compras ou subir escadas e impactando diretamente a vitalidade no dia a dia.
“É natural que o corpo mude com o tempo, mas não precisamos aceitar a perda de força como algo inevitável”, afirma Carolina Yoshioka. “A ‘mágica’ acontece com a ingestão correta de proteínas, que são feitas de aminoácidos. A leucina, por exemplo, funciona como um sinalizador para o corpo, dizendo: ‘ei, é hora de construir músculos!’. Garantir esse nutriente na dieta, por meio de uma alimentação balanceada, é uma das formas mais eficazes de se manter forte e ativo”, explica.
Mas os benefícios desses nutrientes vão além da musculatura. A saúde do nosso sistema de defesa também está diretamente ligada a eles. Aminoácidos como a glutamina, por exemplo, servem de alimento para as células do intestino, órgão que é peça-chave da imunidade. Um intestino saudável significa uma melhor barreira contra infecções, um ponto crucial para um envelhecimento mais seguro.
“O ideal é que a estratégia comece no prato, com boas fontes de proteína como ovos, iogurtes, carnes magras e leguminosas distribuídas ao longo do dia. Mas é importante observar a realidade de cada um”, completa Carolina Yoshioka.
Atividade física
A prática de exercícios físicos também é um pilar essencial para um envelhecimento com saúde, autonomia e vitalidade. Segundo o educador físico Wilson Brasil, a atividade física regular ajuda a preservar a força muscular, o equilíbrio e a mobilidade, reduzindo o risco de quedas e aumentando a independência funcional dos idosos. “Ela também melhora o sono, a disposição e favorece uma vida mais participativa, o que é essencial nessa fase da vida”, destaca.
Mais do que escolher a melhor modalidade, o segredo está em respeitar os limites e as preferências de cada um. Na academia D’stak, onde Wilson atua, há desde idosos adeptos da musculação até praticantes assíduos de natação ou hidroginástica. “A melhor atividade é aquela que o idoso consegue manter com prazer e regularidade”, afirma.
O educador também alerta para os riscos do sedentarismo, que pode desencadear doenças crônicas, perda de massa muscular, osteoporose e até quadros de depressão. “A boa notícia é que nunca é tarde para começar. Com acompanhamento adequado e treinos adaptados, é possível ter ganhos significativos mesmo depois dos 60”, explica. E os benefícios vão além do físico, o exercício é um aliado poderoso da saúde emocional, contribuindo para o bem-estar, a autoestima e o combate ao isolamento social.