Esta quinta-feira, 14 de novembro, é marcada pelo Dia Mundial do Diabetes, doença crônica que possui dois tipos principais. O diabetes tipo 1 que é autoimune, caracterizado pela não-produção de insulina pelo pâncreas; e o diabetes tipo 2, mais comum e caracterizado pela resistência das células do corpo à produção de insulina. Além disso, há o diabetes gestacional, que atinge mulheres por causa da produção de hormônios durante a gravidez.
A insulina é um hormônio que quebra as moléculas de glicose e a transforma em energia. Quando os níveis de açúcar estão elevados no sangue, acontece a chamada hiperglicemia. Fome e sede constantes, vontade de urinar diversas vezes ao dia, fadiga, infecções e visão turva são alguns dos sintomas quando há um descontrole dos níveis de glicose no organismo.
Para ajudar pacientes a terem cada vez mais qualidade de vida com a doença — que não tem cura —, pesquisadores estão sempre em busca de novas tecnologias. Entre as novidades no tratamento da diabetes o Brasil e o mundo já contam com novas canetas para controle da glicemia e bomba de insulina sem fio.
A endocrinologista Deborah Beranger com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ) cita o Monjaro, que atua de maneira muito mais potente na produção e liberação de insulina e no controle dos níveis de glicose no sangue, e deve chegar às farmácias brasileiras no segundo semestre.
“Entre as canetas, a maior novidade no tratamento da diabetes é o Mounjaro, que, além de simular o hormônio GLP-1 assim como faz o Ozempic, também simula um outro hormônio, chamado de GIP. Além disso, possui o efeito benéfico da perda de peso, mas de maneira muito mais significativa que o Ozempic justamente por ter esse hormônio adicional. E sabemos que a maioria dos pacientes obesos são diabéticos ou pré-diabéticos, então, ao trabalhar a obesidade, conseguimos controlar e até prevenir a diabetes”, destaca a médica.
Outra novidade que tem proporcionado conforto e praticidade para o paciente é a minibomba de insulina sem fio, que chegou ao Brasil no final do ano passado, já que a bomba tradicional, já muito conhecida, pode gerar desconfortos em diversos momentos.
“A bomba de insulina é um dispositivo eletrônico que fica conectado ao corpo durante o dia todo para fornecer insulina em doses menores de maneira contínua ao longo das 24 horas. É uma alternativa às injeções de insulina para pacientes que têm dificuldade de manter o controle da glicose sanguíneo, que têm grandes variações nos níveis de açúcar no sangue ou que têm quadros de hipoglicemia frequente ou graves, por exemplo”, diz a especialista, que ainda explica que o mecanismo fica acoplado na pele como um adesivo, e é controlado via bluetooth.
Entre os destaques estão novo sensor de monitoramento de glicose com dimensões extremamente reduzidas, menor e mais fino que realiza leituras contínuas do nível de glicose que são enviadas diretamente para o celular. O sensor ainda não é vendido do Brasil, mas já é possível adquirir uma versão anterior, com tamanho próximo a uma moeda de um real.
Outros destaques são a insulina semanal, em vez da diária, e a insulina oral, que ainda está em desenvolvimento, com menos efeitos colaterais. “Pesquisadores criaram um revestimento que protege a insulina de ser decomposta pelos ácidos estomacais e enzimas digestivas, mantendo-a segura até alcançar o fígado, onde é finalmente quebrada por enzimas ativas somente quando os níveis de açúcar no sangue estão altos”, diz Beranger.
*André Braga é médico clínico-geral e atual diretor de relações institucionais do Grupo Santa. Possui especializações nas áreas de pneumologia e dermatologia.