Fumante, se existe um **presente** que seu organismo gostaria de ganhar é **deixar de fumar.** O **cigarro** é um dos vilões mais drásticos para a saúde, especialmente com problemas no **pulmão** e no **cérebro**.
Mas seus riscos vão muito além. Podem causar diversos **danos** ao organismo, principalmente para o metabolismo, a pele, o cabelo, o sistema reprodutivo, o coração, o rim e a circulação periférica.
De acordo com a _Organização Pan-Americana da Saúde_ (OPAS), em 2020 houve mais de sete milhões de mortes no País, sendo que cerca de 1,2 milhão foram resultado de nãofumantes expostos ao **fumo passivo**.
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**Decidir por parar**
Mas parar com o cigarro não é uma **tarefa** simples. _“Estudos mostram que apenas 15% das pessoas que tentam parar de fumar sem ajuda profissional, conseguem. O cigarro está muito ligado ao hábito, claro que existe uma dependência química ligada ao estresse, mas quando uma pessoa consegue identificar o gatilho que a faz ter vontade de fumar, pode tentar acabar com estes gatilhos ou ainda mudar a resposta a eles”_, explica Beatriz Lassance, também membro do American College of LifeStyle Medicine.
**Os caminhos**
_“Busque qualquer atividade que dê prazer. Tente começar uma atividade física, ela é o maior antioxidante que existe. O consumo de energia do corpo em movimento obriga nosso organismo a produzir antioxidantes de maneira enorme, que nos protege da ação dos radicais livres, e também ajuda a reduzir a ansiedade. Qualquer atividade física é importante. Quanto maior o número de músculos você mexer, melhor”_, finaliza Beatriz.
A parte boa é que depois de um ano sem cigarros, cai pela metade a probabilidade de sofrer com alguma **doença cardíaca** do que quando fumava. Depois de cinco anos, o risco é quase o mesmo do que de alguém que nunca acendeu um cigarro, segundo a médica nefrologista e intensivista Caroline Reigada.
Um time de especialistas de diversas áreas explica como o cigarro afeta as **estruturas** e o **funcionamento do organismo**, e elenca sete efeitos desastrosos.
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**Problemas de absorção de nutrientes**
_“Por atuar no sistema nervoso central, o cigarro causa uma diminuição do apetite, pois afeta a atividade de neurotransmissores que são responsáveis pelo controle da fome, além de alterar o paladar e o olfato, reduzindo o gosto e o aroma dos alimentos”, diz a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). “Além disso, o cigarro promove um efeito termogênico, acelerando o metabolismo, o que leva ao emagrecimento e reduz a oxigenação dos tecidos do organismo, que causa envelhecimento precoce e acelerado”,_ alerta a médica.
**Inflamação da pele e complicações estéticas**
Esqueça o cigarro, ele não combina com a saúde da sua **pele**. _“O cigarro acelera o envelhecimento, já que as substâncias tóxicas presentes estão associadas à vasoconstrição periférica, diminuindo o fluxo sanguíneo para o tecido cutâneo, o que afeta a entrega de nutrientes para essa região. Isso traz consequências na perda do viço e luminosidade, além de favorecer o amarelamento do tecido; também há uma perda de firmeza por conta da oxigenação e nutrição diminuídas”,_ comenta Mônica Aribi, dermatologista sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
O tabagismo também é extremamente prejudicial, por exemplo, para aqueles que se submeteram ou ainda vão passar por **procedimentos estéticos e cirurgias**. “_Existe uma maior incidência de complicações cirúrgicas em pacientes tabagistas devido à vasoconstrição causada pelo cigarro, incluindo trombose pulmonar, infecção, hematoma, necrose de tecidos e problemas com qualidade de cicatriz”_, explica a cirurgiã plástica Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Isaps (International Society of Aesthetic Plastic Surgery). _“Alguns estudos apontam um aumento de até quatro vezes o número de complicações e intercorrências em decorrência do tabagismo”_, completa.
**Danos ao couro cabeludo e fios**
_“As substâncias tóxicas presentes no cigarro podem levar à vasoconstrição, assim reduzindo a oxigenação e o aporte de nutrientes, que são essenciais para que o cabelo permaneça saudável e cresça adequadamente”_, explica Jaqueline Zmijevski, dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e Fellow em Tricologia pela Associação Médica Brasileira (AMB). _“Além disso, o cigarro deixa os fios amarelados por conta da oxidação e opacos.”_
**Impactos na fertilidade**
Os componentes tóxicos presentes no produto, como a **nicotina e o alcatrão**, pioram severamente a qualidade reprodutiva. _“Nas mulheres, o tabagismo é capaz de favorecer a deterioração dos óvulos, envelhecendo-os em até dez anos e acelerando o início da menopausa, o que é especialmente prejudicial hoje em dia, quando as mulheres estão querendo engravidar cada vez mais tarde. Já nos homens, o hábito de fumar diminui a quantidade de espermatozoides e fragmenta o DNA do esperma, reduzindo assim a capacidade de fecundação, além de também contribuir para a perda do apetite sexual e a disfunção erétil”_, afirma Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo.
**Prejudicial ao coração**
A médica nefrologista e intensivista Caroline Reigada, também especialista em Clínica Médica/Interna, explica que cada vez que você inala a **fumaça** do cigarro, sua **frequência cardíaca** e sua **pressão arterial** aumentam temporariamente. _“Seu coração tem que bater mais forte e mais rápido do que o normal. Os níveis de colesterol também ficam fora de controle, já que a fumaça do cigarro aumenta os níveis de LDL e triglicerídeos. Isso faz com que uma placa de gordura se acumule em suas artérias, aumentando o risco de ataques cardíacos”_, explica a médica, que integra o corpo clínico de hospitais como São Luiz, Beneficência Portuguesa de São Paulo e Hospital Alemão Oswaldo Cruz. _“Depois de um ano sem cigarros, você tem metade da probabilidade de sofrer com alguma doença cardíaca do que quando fumava. Depois de cinco anos, o risco é quase o mesmo do que de alguém que nunca acendeu um cigarro”_, afirma a médica.
**Doenças renais e câncer no rim**
O tabagismo é um dos principais fatores de risco que podem levar à **doença renal terminal**, conta a médica nefrologista Caroline Reigada. Estima-se que o tabagismo seja responsável por aproximadamente 17,4% dos casos de câncer de rim, pelve renal e ureter nos Estados Unidos. _“A fumaça do tabaco tem sido associada a mutações genéticas, inflamação e danos celulares, todos os quais alimentam o crescimento do câncer. Fumar aumenta o risco de desenvolver carcinoma de células renais (CCR). O risco aumentado parece estar relacionado ao quanto você fuma e ele diminui se você parar de fumar, mas leva muitos anos para chegar ao nível de risco de alguém que nunca fumou. Mas nunca é tarde para parar”_, incentiva.
**Alterações da circulação periférica**
A **circulação** é uma das estruturas que mais sofre com o tabagismo. _“O cigarro pode causar problemas circulatórios como arteriosclerose e tromboangeite obliterante, distúrbio que afeta as extremidades do corpo. Em ambos os casos, há riscos de ter de amputar os membros, como pernas, pés e mãos”_, explica a cirurgiã vascular Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV).