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Dia da Onça-Pintada: conheça o instituto próximo a Brasília que resgata os felinos

Instituto Nex resgata onças feridas por incêndios e violência, protegendo a biodiversidade brasileira

A onça-pintada, considerada uma das majestades das florestas brasileiras, é mais que um símbolo de força e beleza: é a guardiã da biodiversidade em nosso ecossistema. Com sua pelagem dourada marcada por pontinhos escuros, o maior felino das Américas têm sua presença considerada essencial para o controle natural das espécies, garantindo a saúde das florestas e rios.

Apesar de muito importante, a onça-pintada enfrenta ameaças como desmatamento, caça e queimadas, desafios que tornam urgente nossa responsabilidade em protegê-la. Nesta sexta-feira (29), Dia Internacional da Onça Pintada, celebramos não apenas sua beleza, mas também a importância de sua preservação para a vida e riqueza natural do Brasil. 

Pensando neste contexto de preservação e cuidado, um instituto localizado a 80 km de Brasília, no município de Corumbá de Goiás, desenvolve um trabalho fundamental de resgatar e proteger felinos em risco. O Instituto Nex No Extinction abriga 22 animais que foram resgatados de incêndios florestais, atividades de caça ou que não podem mais ser reintroduzidos na natureza.

Fundado por Cristina Gianni, há 24 anos, o instituto que é uma organização sem fins lucrativos, se dedica incansavelmente à preservação dessas espécies. Tudo começou quando Gianni foi visitar um setor extra de um zoológico e mostraram uma jaula pequena coberta com uma lona, onde uma onça intitulada de Pacato estava há quatro anos. “Quando ele me olhou, esse foi um momento que tocou meu coração para fazer a diferença. A gente ficou se olhando e achei aquilo de uma beleza tão grande, aquele olhar de pedido de socorro me tocou, a história dele no geral me impressionou muito”, conta Cristina.


Decidida, Gianni convenceu o marido e a filha a embarcarem no desafio de cuidar do animal — que não podia ser devolvido para a natureza —  junto com ela. Pioneiros no cuidado de onças debilitadas, a segunda onça do Instituto veio para fazer companhia ao Pacato. Enviada pelo Ibama, a até então fêmea veio de Bom Jesus da Lapa, onde era criada como um cachorro, incluindo a parte alimentícia. Apesar de toda expectativa, a idealizadora do projeto conta que os bichos não se deram bem e tempos depois, descobriu-se que a fêmea na verdade era um macho.

Cristina Gianni, fundadora do Nex

“Desenvolvemos esse trabalho desde o ano 2000, fomos pioneiros e desenvolvemos muitas técnicas de recuperação e conscientização. Antes, só os pesquisadores falavam sobre elas e para a população, não era um animal bem visto, com todos aqueles absurdos de que a onça come gente e mudamos isso, colocamos a onça na mídia de uma forma boa”, pontua Cristina. 

Processo de reabilitação, cuidados e devolução da onça para a natureza

Dirigido por Danda Gianni, é referência na reabilitação de onças, focando na recuperação de felinos vítimas de caçadores ilegais ou acidentes em áreas de conflito. O processo de reabilitação é complexo e exige um ambiente isolado, com mais de mil metros quadrados, onde as onças podem recuperar seus instintos naturais de caça e pesca. O objetivo é prepará-las para a soltura no seu habitat natural, garantindo que possam sobreviver sem a interferência humana.

Antes da soltura, o instituto realiza estudos ambientais detalhados para garantir que o local escolhido seja adequado e livre de riscos, como conflitos com outros animais ou seres humanos. Esse processo de reabilitação e monitoramento pode levar até dois anos, com custos elevados que incluem a compra de colares de monitoramento, a manutenção de equipes veterinárias e os custos de monitoramento no campo. “Esse processo pode levar até dois anos. E se tudo der certo, os órgãos ambientais autorizam a soltura após monitoramento e análises detalhadas,” conta Danda.

Apesar das dificuldades financeiras, o Nex tem alcançado importantes conquistas. As onças reabilitadas estão sendo soltas em diversas regiões, como o Pantanal e até na Argentina, contribuindo para o equilíbrio dos ecossistemas locais. Danda destaca que a volta das onças ao seu habitat tem gerado a recuperação da fauna selvagem, com o retorno de outros animais como jaguatiricas. “Onde as onças voltaram, a vida selvagem voltou também, com jaguatiricas e outros animais, demonstrando que estamos no caminho certo”,  celebra a diretora do Instituto. 

Visitas guiadas

As visitas guiadas ao Instituto Nex são fundamentais para manter o funcionamento da instituição, que depende dos recursos arrecadados para continuar seu trabalho de reabilitação de animais e educação ambiental. Além de proporcionar uma experiência única aos visitantes, essas visitas ajudam a financiar as atividades do instituto, como o cuidado com as onças e outros felinos, e a manutenção dos recintos.

O instituto recebe grupos e escolas para ensinar sobre a importância das onças e o impacto positivo de sua presença nos biomas do Cerrado e do Pantanal. A conscientização pública sobre a preservação ambiental é vista como uma missão essencial para o futuro do planeta. “Acreditamos que a conscientização é essencial. Estamos cuidando da natureza e mostrando às pessoas que isso é um trabalho para o futuro do nosso planeta”, diz Danda.

Apesar de todo o esforço dedicado à reabilitação e preservação, o Nex enfrenta desafios financeiros. A fundadora ressalta a importância da colaboração da sociedade, apelando para o apoio em redes sociais. “Fazemos postagens nas redes sociais pedindo ajuda, porque sozinhos não conseguimos dar conta de tudo”, lamenta. O instituto continua sendo uma referência no Brasil pela sua atuação incansável em prol da fauna selvagem e do equilíbrio ecológico.

O tour guiado começa às 9h30, com um café da manhã, seguido de uma apresentação sobre a história individual de cada onça e o trabalho do instituto. Os visitantes também podem conhecer os recintos e realizar uma pequena caminhada até um banho de cachoeira. Após o passeio, é servido um almoço com sobremesa, e em seguida ocorre uma demonstração de como as onças são alimentadas. O dia se encerra com um delicioso café da tarde. “As nossas onças consomem 50 kg de carne por dia, o equivalente a 1,5 tonelada por mês. Fora a alimentação delas, precisamos pagar funcionários e fazer a manutenção dos recintos”, explica Danda.

O valor da visitação é de R$ 200 por pessoa, com crianças menores de 10 anos pagando R$ 100. O instituto abriga atualmente 22 animais, sendo 14 onças-pintadas, sete suçuaranas e uma jaguatirica, e as visitas ocorrem aos fins de semana, em grupos de até 20 pessoas.

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