Yumi Kuwano A gestação é um período de profundas transformações, tanto físicas quanto emocionais, que acompanham a mulher durante os nove meses de gravidez. No dia 15 de agosto é celebrado o Dia da Gestante e embora seja frequentemente idealizada como um momento de felicidade e expectativa, a jornada está longe de ser isenta de desafios. Físicos, psicológicos e sociais, esses obstáculos podem afetar a experiência da gestante de maneiras inesperadas.
O corpo da mulher passa por uma série de adaptações para acomodar o desenvolvimento do bebê. Desde o aumento do volume abdominal até as alterações hormonais, cada mudança tem o objetivo de sustentar e proteger a gestação. No entanto, esses ajustes nem sempre ocorrem de forma suave.
As náuseas matinais, comuns no início da gravidez, são apenas um dos muitos sintomas. Além disso, muitas mulheres enfrentam dores nas costas, inchaço, cansaço excessivo e alterações no sono. As mudanças hormonais podem levar a alterações no humor, o que torna o equilíbrio emocional um desafio constante.
O ginecologista e obstetra Nélio Veiga Junior ressalta que dúvidas, medos e desafios são muito comuns nesta fase da vida da mulher.
“Há uma grande quantidade de hormônios circulantes, principalmente progesterona e estrogênio, que promovem diversas mudanças no organismo materno e podem fazer parte de diversos problemas que podem ocorrer na gestação como diabetes gestacional, hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia, inchaços, alterações de hábito intestinal (geralmente com constipação); e diversas alterações físicas, como dores abdominais por causa da distensão, alterações do fluxo sanguíneo e a dilatação dos vasos, o que podem aumentar o risco de trombose durante a gestação“, explica.
A pressão sobre o corpo também pode ser física e psicológica. Os cuidados com a saúde são essenciais, e o acompanhamento médico regular é fundamental para garantir o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê.
Saúde mental
As transformações psicológicas durante a gestação são, muitas vezes, negligenciadas. A gestante pode experimentar uma montanha-russa emocional, alternando entre momentos de felicidade intensa e preocupações existenciais. A ansiedade em relação ao parto, além da preocupação com a saúde do bebê, são questões que frequentemente assombram a gestante, criando um ambiente de constante vigilância.
Além disso, a chegada de uma nova vida traz uma série de reflexões sobre o futuro, mudanças de rotina e até mesmo a redefinição do próprio papel na sociedade. “Mudanças hormonais podem impactar o humor, a qualidade do sono e gerar períodos de ansiedade. Buscar redes de apoio, grupos de gestantes, além de profissionais especializados, pode fazer toda a diferença“, diz o médico.
A falta de apoio emocional é outro obstáculo significativo. Embora a figura do parceiro e dos familiares seja fundamental, nem sempre há uma rede de apoio sólida disponível, e muitas gestantes enfrentam a gravidez de forma isolada, o que pode aumentar ainda mais a carga emocional.
Em muitos contextos, os desafios da gestação vão além do físico e do emocional e as questões sociais e culturais também desempenham um papel importante na experiência da mulher grávida. A pressão por padrões de beleza, por exemplo, pode causar desconforto nas gestantes, que enfrentam mudanças em seus corpos frequentemente criticadas, além do equilíbrio entre a vida profissional e a gestação.
Cuidados
O acompanhamento médico adequado pode reduzir significativamente os riscos durante a gestação e proporcionar um suporte essencial às gestantes.
Nélio Veiga Junior ressalta a importância de se seguir todos os ritos da gestação quando o assunto é saúde.
“Seguir todas as orientações do pré-natal, realizar os exames necessários e não hesitar em relatar qualquer sintoma ou dúvida ao obstetra são atitudes que facilitarão o processo. Com os cuidados certos e o suporte adequado, é possível transformar a gravidez em um período harmonioso, com maior bem-estar para a mãe e o bebê“, completa.
