Os deputados do PSol e do PT decidiram obstruir as votações no Plenário da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (9), em protesto contra o andamento do processo que pode resultar na cassação do mandato de Glauber Braga (PSol-RJ).
O Conselho de Ética aprovou o parecer favorável à cassação por 13 votos a 5, cabendo agora ao Plenário a palavra final sobre o caso.
Em resposta à decisão do colegiado, o deputado Glauber Braga anunciou que entrará em greve de fome até o fim do julgamento. Ao saber do gesto, a deputada Luiza Erundina (PSol-SP), de 90 anos, decidiu acompanhar o colega de partido no protesto silencioso, permanecendo ao seu lado durante a sessão.
O líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), classificou a situação como uma crise de grandes proporções.
“A Câmara está diante de uma grave decisão. Temos um parlamentar em greve de fome e uma deputada histórica, como Erundina, aderindo à manifestação. Precisamos buscar uma saída responsável e democrática”, defendeu.
Já a deputada Talíria Petrone (PSol-RJ), líder da legenda, afirmou que o caso extrapola a figura de Glauber Braga.
“Essa é uma tentativa de silenciar vozes da esquerda e um ataque à democracia. A decisão do Conselho de Ética é autoritária, absurda e constrangedora para o Parlamento brasileiro”, declarou.
Durante a sessão, parlamentares também levantaram suspeitas sobre a mudança no horário da Ordem do Dia, que teve início somente às 19h, contrariando o costume recente da gestão do presidente da Câmara, Hugo Motta, que vinha iniciando as votações entre 16h e 17h. O vice-líder do PSol, deputado Pastor Henrique Vieira (RJ), criticou o que chamou de “manobra” para facilitar a votação da cassação.
Por outro lado, deputados da base governista e da oposição ao PSol reagiram à obstrução. André Fernandes (PL-CE) acusou os partidos de colocarem interesses individuais acima das prioridades do país.
“Enquanto se mobilizam para proteger Glauber, impedem a votação de projetos importantes como o PL 127/24, que propõe ações de saúde mental para idosos”, afirmou.
O processo disciplinar contra Glauber Braga teve origem em uma representação do partido Novo, que o acusou de quebra de decoro parlamentar. Em abril do ano passado, o deputado expulsou com empurrões e chutes o ativista Gabriel Costenaro, do Movimento Brasil Livre (MBL), das dependências da Câmara.
O episódio foi registrado em vídeo. Na época, Glauber alegou que reagiu a provocações constantes feitas pelo militante.