A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (8) a operação Underhand, que investiga um suposto esquema de desvio de recursos públicos por meio de fraudes em licitações e manipulação eleitoral envolvendo o deputado federal Júnior Mano (PSB-CE). Mandados de busca e apreensão foram cumpridos no gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados, em sua residência oficial em Brasília e em sua casa no Ceará. A ação foi autorizada pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, que também determinou o bloqueio de R$ 54,6 milhões de investigados, incluindo pessoas físicas e jurídicas ligadas ao caso.
Segundo a PF, o esquema teria atuado em cerca de 50 municípios cearenses, com a destinação de emendas parlamentares para prefeituras em troca de comissões. O dinheiro era supostamente “lavado” por meio de empresas de fachada e utilizado para compra de votos e financiamento de campanhas eleitorais, especialmente nas eleições de 2024. Um dos principais operadores seria o prefeito de Choró, aliado próximo de Júnior Mano, que está foragido da Justiça. A investigação começou após denúncia da ex-prefeita de Canindé, que relatou práticas ilícitas envolvendo o deputado e seus aliados.
Carreira política
Júnior Mano, de 40 anos, é natural de Nova Russas, onde iniciou a carreira política como vice-prefeito em 2016. Foi eleito deputado federal em 2018 e reeleito em 2022 com mais de 216 mil votos. Em 2021, chegou a ser declarado inelegível pelo TRE do Ceará por abuso de poder político, mas a decisão foi revertida no TSE. Em 2024, foi expulso do PL por apoiar a campanha do petista Evandro Leitão à prefeitura de Fortaleza, concorrendo contra André Fernandes, colega de partido na época. Após a expulsão, filiou-se ao PSB, com apoio do senador Cid Gomes para uma eventual candidatura ao Senado em 2026.
O parlamentar nega qualquer envolvimento com o esquema. Em nota, declarou que “não tem participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos”, e afirmou confiar nas instituições e na Justiça. A defesa diz esperar que todos os fatos sejam esclarecidos “o mais breve possível, com respeito ao devido processo legal e à ampla defesa”. Júnior Mano deve ser ouvido ainda esta semana, e seu partido, o PSB, afirmou acompanhar o caso com atenção.
A PF descreve a rede como uma “estrutura política e financeira sofisticada”, voltada à corrupção institucionalizada, caixa dois e influência eleitoral em larga escala.