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Deborah Secco incentiva a moda sustentável: “Virou uma missão na minha vida”

Moda sustentável, moda consciente, moda social. Uma tríade. Fundada há 16 anos, a loja brasiliense Peça Rara tornou-se um case de sucesso do País nos últimos cinco anos. Após associar-se ao SMZTO, maior grupo de investimentos em franquias no Brasil, a trajetória foi de ascensão.  Uma das benesses foi o encontro da fundadora Bruna Vasconi com a atriz Deborah Secco. De cliente, tornou-se embaixadora da marca e há um ano e meio, a nova sócia do empreendimento. Atualmente, são 57 lojas inauguradas, sendo sete próprias e 50 franquias. Até o final do ano, chegarão a 80 lojas e preparam a expansão para Portugal.

 

Deborah Secco esteve em Brasília para celebrar o aniversário da franquia com uma sequência de festejos, culminando com festa na casa da família Vasconi e a presença de todos os franqueados brasileiros. Antes, porém, a dupla Bruna e Deborah compareceu ao estúdio para gravar entrevista com a jornalista e sócia-diretora do grupo GPS, Paula Santana. A conversa decorreu, sobretudo, sobre a relevância em desmistificar este a economia circular a partir do consumo consciente. A sobrevida do planeta, a mudança de comportamento e o processo inspiracional para as novas gerações. Bruna é a precursora deste modelo de negócio no mercado. Deborah, a voz que impacta 25 milhões de pessoas. Juntas, elas não querem dominar o mundo. Apenas contribuir ao máximo para que ele seja salvo. 

 

 

Assista ao PS Entrevista na íntegra, e leia os melhores momentos desse bate-papo nas linhas abaixo:

 

 

 

Como começou esta jornada, Bruna?

Bruna Vasconi – Eu precisava trabalhar. Eu me casei muito nova, com 19 anos. E aos 23 estava com dois filhos, era recém-formada em Psicologia. E aí surgiu a ideia: por que não transformar em recurso as peças usadas dos meus filhos. Coincidentemente, uma matéria em A Pequenas Empresas Grandes Negócios relatava uma mãe que estava fazendo isso em São Paulo. Então, foi meramente necessidade de fazer algo,  ganhar dinheiro para sustentar as crianças e pagar os custos de casa.

 

E foi sua primeira experiência no comércio?

Bruna –  Eu não tinha a menor ideia do que eu estava fazendo, na verdade. Eu sempre vendi tudo o que você possa imaginar. Desde adolescente 13, 14 anos. E eu queria ter meu dinheiro. Eu queria fazer minhas coisas. Tudo o que você quisesse, eu tinha para vender.

 

Débora quando virou essa chave? De repente você se torna embaixadora e sócia?

Deborah Secco – Eu já vinha tentando migrar para o empreendedorismo, prospectando. Eu não quero parar de atuar nunca. E uma das coisas que mais me faz feliz. Mas entender também o propósito da vida. Eu odeio caber em caixas, então quando dizem que a gente não pode fazer uma coisa é o que eu quero fazer. A moda circular entra na minha vida quando a minha filha nasce e hoje ela está com sete anos. Ela ganhou muita coisa de presente, eu comprei muita coisa também e ela quase não usou. Eu tinha um armário sem a menor utilidade. E eu pensava: ‘o que eu vou fazer com tudo isso? Temos um grande problema, uma grande questão. O que eu vou fazer com tanta coisa linda, cheia de carinho?’. 

 

E quando isso se transformou em um ato? 

Deborah – Primeiro virou um problema, mas também um grande negócio. Comecei a pesquisar e entender esse mercado até que cheguei na Peça Rara. Eu nunca pensei em entrar de sócia. Eu entendi que aquilo podia ser a solução dos meus problemas. E logo depois um amigo em comum me ligou, falando dessa possibilidade de negócio. Eu falei: ‘nossa, faz muito sentido pra mim’.

 

 

Esse processo societário foi rápido?

Deborah – Foram uns quatro meses. Isso tem um ano e meio.

 

Você  tem uma verve empreendedora?

Deborah –  Eu já era sócia de duas empresas e eu estava bastante feliz com meu novo movimento. Quero cada vez mais pisar nesse lugar de mulher empreendedora. E a Bruna é uma mulher que me inspira muito. Ela é uma grande gestora, é uma cabeça pensante, uma mulher inquieta, que trabalha 24 horas por dia, se isso é possível. E eu aprendo com ela. Uma das mulheres que mais admiro de todas que já conheci.

 

Como é a dinâmica da Peça Rara? 

Bruna – Eu chamo de escola de treinamento, onde preparamos os nossos franqueados. A gente respeita cada peça, promove esse carinho. Porque receber roupas incríveis, limpas, cheirosas sem nenhuma avaria é muito simples. E nosso trabalho de fato é: dar vida nova a tudo o que pode ser reutilizado. A gente recebe em média 500 peças por dia em cada loja. Por conta do que a gente fez, eu tenho certeza, e com muita modéstia digo que somos realmente precursores deste movimento. 

 

Como foi essa mudança de comportamento?

Deborah – É muito curioso. Pessoas públicas há muito pouco tempo não podiam jamais repetir uma roupa. Essa mudança veio pela necessidade e pela conscientização. Quando pessoas públicas se colocam ali, uma usando o look da outra. Eu tenho um grupo de WhatsApp com várias amigas. Quem quiser, passa na minha casa e pega uma bolsa.

 

Vocês promovem essa troca?

Deborah –  Sim, a gente aparece com looks que são comprados de segunda mão. Kim Kardashian usou um vestido que foi da Marilyn Monroe e diminuiu um pouco esse preconceito de forma inspiracional. Grandes mulheres e ícones da moda estão fazendo esse movimento. Aluguel de roupa… tudo o que faça com que a gente consuma menos matéria-prima do mundo. Depois de bastante tempo, a gente entendeu que não tem como jogar fora do nosso planeta porque tudo está dentro dele.

 

Já está então  formando gerações conscientes?

Deborah –  E eu inspiro muitas mamães por aí. Fiz um desapego grande do que eu tinha da Maria Flor e criei uma poupança para ela. Muitas crianças já pensam completamente diferente quanto a questão do consumo. A Maria escolhe os brinquedos que não gosta mais de brincar. Com a venda, ela coloca na poupança ou compra outros brinquedos. 

 

O seu maior papel, na verdade, é mudar mentalidades por meio dos seus atos?

Deborah – Sem dúvida, tornou-se uma missão na minha vida. Eu espero inspirar pessoas para que elas venham seguir esse caminho comigo. É um prazer muito grande a gente se libertar, porque o desapego que não é simples. Mas é bacana dividir, reaproveitar.  Aparecer cada dia com uma roupa nova.. o planeta não comporta mais esse tipo de atitude.

 

Esse movimento começou em  2007 na Inglaterra…

Deborah: Basta olhar a princesa (Kate Middleton) o tempo inteiro repetindo looks. Isso é muito importante para que a gente perca o preconceito. Fomos treinados a não repetir. Imagine o quanto de vestidos que eu usei em eventos e ficaram ali parados no meu armário. Fiz grandes investimentos que eu nunca mais pude usar. 

 

 

É uma peça viva!

Deborah: Eu guardo em papel vegetal, dentro de uma caixa. São tão bem cuidadas, elas têm uma vida gigantesca pela frente. É muito cruel ela ficar ali parada, sem nenhuma utilidade, ocupando espaço. Nós mulheres usamos 20% do nosso armário. A gente precisa realmente rever isso.

 

Existe uma técnica emocional para o desapego?

Deborah – A minha técnica é: não usei no último ano, não vou usar mais, não faz mais sentido pra mim. Eu tive um ano para escolher usá-la em diversas situações. Não me engano mais. 

 

E na Peça Rara há o movimento social…

Bruna – Muitas pessoas podem questionar por que a Deborah Secco, que não precisa de dinheiro, não doa as peças? É doada. Somente as peças da Maria Flor vão para a poupança da Maria Flor. Na verdade, em alguns momentos no início eu pensava: ‘mas eu estou buscando coisas para vender, e ela vai deixar de doar’. E isso me incomodava um pouco. Foi por esse motivo que criamos o Instituto Peça Rara, há quatro anos, e a nossa sede tem dois anos. O espaço de 600 metros. 

 

E para encerrar, alguma dica ao entrar num espaço como o Peça Rara?

Deborah – Que a gente vá de coração aberto, sem pressa… 

Bruna – …porque encontrar um verdadeiro achado é muito legal.

 

 

Redação GPS

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