Uma das primeiras cenas de Rainha Cleópatra, série da Netflix, desencadeou polêmica criada em torno da produção. “Não importa o que digam, Cleópatra era negra”, afirma Shelley P Haley, professora de Estudos Africanos no Hamilton College, de Nova York. Shelley é uma mulher negra. Outras pessoas pretas são entrevistadas na série – e há também pessoas brancas que adotam o mesmo ponto de vista. Rainha Cleópatra é um bom exemplo de que polêmicas podem alavancar uma produção que, possivelmente, teria menos visibilidade. Basta comparar com a primeira temporada, que contou a história de Nzinga e não foi tão comentada.
O pano de fundo dessa polêmica não é novo – e não é segredo que uma visão eurocêntrica basicamente branca marcou o olhar de muitos historiadores ao falar da África Negra. No entanto, assim que a série veio a público, estudiosos – a começar pelos egípcios – decidiram se manifestar. “Cleópatra tinha pele branca e traços helênicos. Os baixos-relevos e estátuas da rainha são as maiores provas”, afirmou o Ministério das Antiguidades, no Cairo. Um advogado egípcio, Mahmoud al-Semary, recorreu à Justiça pedindo que o acesso à Netflix seja bloqueado no país. Ele acusa a plataforma de promover o “pensamento afrocêntrico e tentar apagar a identidade egípcia”. Do outro lado, há a tese de que a família de Cleópatra já estava no Egito havia mais de dois séculos – tempo suficiente para que alguma miscigenação pudesse ter ocorrido.
*As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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