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Debate da Globo: modelo cansa audiência e afugenta ideias

O eleitor brasileiro deu **graças a Deus** quando o apresentador William Bonner encerrou o debate desta sexta-feira (28), na TV Globo. O embate entre o **presidente Jair Bolsonaro (PL)** e o **ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)**, o último antes das eleições de domingo (30), teve **tons melancólicos** de uma campanha altamente polarizada, dominada por mentiras e pela total ausência de propostas para os problemas reais enfrentados pela população.

**O modelo do debate aprofundou o cansaço do telespectador/eleitor**. Com quatro blocos e as considerações finais, foram mais de 2h15 de duração. Em dois segmentos, ambos os candidatos tinham 15 minutos de tema livre para debaterem. O que se viu foi uma **ausência de ideias**, troca de acusações e uma guerra velada entre Lula e Bolsonaro no controle do tempo. Foram **dois monólogos simultâneos**, sem nexo algum entre eles.

Nos outros dois blocos, cada candidato escolheu um tema para ser debatido. Ao todo, Lula e Bolsonaro abordaram **combate à pobreza, respeito à Constituição, criação de empregos e meio ambiente**. Em diversos momentos, os candidatos fugiram do tema, levantaram outros assuntos e evitaram se aprofundar em propostas.

**Quem esperava uma surpresa nos temas se decepcionou**. Os temas abordados – dentro ou fora do determinado pelo modelo do debate – foram aqueles sensíveis aos dois candidatos: corrupção, desmatamento, armamento, programas sociais e fome.

Na avaliação pessoal, **Jair Bolsonaro se mostrou nervoso** no início do debate. O candidato à reeleição teve dificuldades para se lembrar de direitos básicos do trabalhador (13º salário, férias e horas extras) – precisou consultar algumas vezes as anotações na mão. O presidente tentou descolar sua imagem do **caso Roberto Jefferson**, seu aliado, que feriu policiais federais em um ataque com tiros de fuzil e granadas. Bolsonaro acusou Jefferson de ser amigo de Lula – o ex-deputado foi um dos delatores do escândalo do mensalão, durante o primeiro governo do petista.

Coube a Lula apimentar o duelo com dois assuntos que incomodam Bolsonaro: viagra nas Forças Armadas e os 51 imóveis comprados com **dinheiro vivo** por familiares. O petista tentou, sem sucesso, levantar temas como violência contra a mulher, criação de empregos e o reajuste do salário mínimo. Restou jogar o jogo de Bolsonaro e invocar acusações de **corrupção** na compra de vacinas e no Ministério da Educação.

**Veja as principais frases do debate da Globo:**

**Lula**

– “Você mandou o ministro da Justiça até o (Roberto) Jefferson. Porque se fosse um negro da favela você mandava matar”

– “Seu exemplo de cidadão de bem é Roberto Jefferson, armado até os dentes atirando na Polícia Federal”

– “Por que o exército dá viagra pra usar em outros tratamentos e por que não distribui pra população?”

– “Ele tem que explicar, por que ele não aumentou o mínimo, ele tem que explicar por que não aumentou a merenda escolar, ele tem que explicar por que ele isolou o Brasil do mundo”

– “Só pegar o que a sua família fez. Só pegar a rachadinha, a quantidade de imóveis, só pegar o ministro da Educação que estava com os seus pastores colocando dinheiro no fundo de pneu. Você sabe disso”

– “Você lembra quantas ambulâncias você comprou? Você lembra quantos hospitais você fez? Lembra quantas UBSs você fez? Não lembra porque não fez. A única coisa que você fez foi negar a vacina no tempo certo e permitir que mais de 300 mil pessoas morressem sem necessidade nesse país, e um dia você pagará por isso”

**Bolsonaro**

– “Se você tomou vacina, Lula, foi graças a mim”

– “Lula, você dizer que foi absolvido… só se foi pelo Bonner”

– “Você continua afirmando que vou acabar com o 13º, com a hora extra e também com as férias?”

– “Será que eu vou ter que dar uma exorcizada em você para deixar de mentir?”

– “Muito obrigado, meu Deus. E se essa for a sua vontade, estarei pronto para cumprir com mais um mandato de Deputado Federal. Presidente da República. Deixar bem claro”

– “Saúde não se faz com estádio de futebol. Foi uma roubalheira sem tamanha que você patrocinou no passado”

Redação GPS

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