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Debate cansativo na Globo fecha campanha para governador no DF

Alvo dos candidatos foi, novamente, gestão de Ibaneis Rocha na saúde e na assistência social

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A Rede Globo promoveu, nesta terça-feira (27), o **último debate** entre candidatos ao Governo do Distrito Federal antes das eleições do próximo dia 2 de outubro. O que se viu foi um debate arrastado, com candidatos claramente cansados e basicamente as mesmas respostas de outros encontros entre os pleiteantes ao Palácio do Buriti.

Participaram do debate o governador Ibaneis Rocha (MDB), o ex-senador Paulo Octávio (PSD), os senadores Izalci Lucas (PSDB) e Leila do Vôlei (PDT), o deputado distrital Leandro Grass (PV), Keka Bagno (PSOL) e Coronel Moreno (PTB).

Com o grande número de candidatos e os quatro blocos do debate, o que se viu foi uma **repetição de ideias** e propostas genéricas, interações desinteressantes entre candidatos e uma preferência em atacar ações da atual gestão em detrimento da apresentação de alternativas viáveis para o Distrito Federal.

As frases mais ouvidas foram “precisamos melhorar”, “precisamos resolver”, “precisamos buscar”, mas sem a apresentação de propostas bem delineadas, com embasamento técnico.

O governador Ibaneis Rocha, que lidera as pesquisas de intenção de votos, foi o alvo das críticas mais contundentes, principalmente nas áreas da saúde e da assistência social. Questionado por Leandro Grass sobre escândalos e problemas na gestão dos recursos da saúde, o governador protagonizou um raro momento de confronto. Ibaneis afirmou que o candidato do PV promove “a campanha mais suja da história do Distrito Federal” e lembrou as mais de 20 inserções do horário eleitoral de Grass retiradas do ar pela Justiça.

O distrital acusou o governador de “querer ganhar no tapetão”. Ibaneis rebateu e disse que Leandro Grass esconde o apoio de aliados que “deixaram o DF no caos”, citando os ex-governadores Agnelo Queiroz (PT) e Rodrigo Rollemberg (PSB).

Em outro ponto, Leandro Grass acusou Ibaneis de “trair a população” ao privatizar a CEB.

À parte dos confrontos e das críticas, a parte propositiva ficou concentrada entre Paulo Octávio e Izalci. O candidato do PSD afirmou que irá zerar a tarifa do transporte público e que ocupará o Centrad com serviços de saúde. Já o senador do PSDB lembrou sua atuação no Congresso e avanços conquistados em suas passagens no secretariado do GDF – o candidato voltou a falar em levar tecnologia de ponta às escolas públicas.

Alguns momentos curiosos chegaram a dar ânimo ao debate. O candidato Coronel Moreno, que se colocou como o “único candidato de direita e conservador”, durante uma pergunta a Leandro Grass teve dificuldades em explicar o que seria ideologia de gênero.

Keka Bagno foi a candidata que mais fez perguntas para o governador Ibaneis Rocha, um total de três. Em uma das perguntas, sobre mobilidade, curiosamente deu a oportunidade para o governador listar uma série de obras entregues e em andamento, justamente o ponto forte da gestão do emedebista.

**Análise**
O formato do debate não favoreceu o confronto de qualidade entre os candidatos. Nos quatro blocos, candidatos puderam perguntar para candidatos, com dois segmentos tendo temas sorteados. O que se observa, em geral, é que candidatos têm tido dificuldades em formular perguntas com dados, fundamentos técnicos e profundidade. Reina o generalismo.

Com quadros de qualidade na emissora, faltaram questionamentos feitos pelos jornalistas da casa, que envolvem pesquisa e levantamento de dados e, de fato, obrigam os candidatos a saírem do lugar-comum. Ou seja, perguntas de qualidade forçam respostas de qualidade ou colocam os candidatos em uma saia-justa. O eleitor brasiliense merecia mais nesta reta final.