Mineiros e brasilienses têm uma relação de proximidade, não apenas por fazerem fronteira — Cabeceira Grande e Brasília são vizinhos, mas também, por aqui, a população natural de Minas Gerais está entre os migrantes mais dominantes. Vinícius Alano e Luciano Pena são exemplos de uberlandenses que fizeram da capital federal um segundo lar.
Há 16 anos em Brasília, Vinícius e Luciano deram origem a Três Arquitetura. “O escritório nasceu das carências que diagnosticamos no mercado daqui, assim que chegamos. Percebemos que faria muita diferença um acompanhamento mais próximo aos clientes, projetos efetivamente detalhados e decisões projetuais que refletissem os anseios e modos de vidas das famílias que nos contratariam. Temos 12 anos de mercado”, conta Vinícius ao GPS.
Os dois se conheceram em Uberlândia. Sempre foram amigos e já trabalhavam juntos lá. Pouco tempo depois de formados, adotaram Brasília como casa. Segundo Vinícius, no Planalto Central a valorização da arquitetura é muito grande e, por consequência, o mercado é mais aquecido.
“A decisão de trabalharmos juntos se deu quando percebemos que, apesar de pessoas muito diferentes, temos pensamentos complementares: ao pensarmos nos espaços, nós acreditamos que a arquitetura faz as pessoas viverem melhor e mais satisfeitas, e admiramos um ao outro como os profissionais que somos”, compartilha Vinícius.
Um dos projetos mais marcantes que a dupla fez foi um showroom de uma empresa brasiliense de mobiliário planejado. Nele tiveram total liberdade criativa, o que resultou em um espaço que reposicionou a empresa no mercado local, além da oportunidade de definir absolutamente todos os elementos complementares: das obras de arte às xícaras de café, das cadeiras à nova identidade da marca, tudo passou pelo olhar deles.
Fora de Brasília, Vinícius e Luciano têm projetos residenciais e comerciais. Já atuaram em diversos pontos do centro-oeste e, atualmente, estão trabalhando em dois apartamentos em São Paulo.
“Acreditamos numa arquitetura que seja coerente com nosso tempo: nossa linguagem é limpa e contemporânea, às vezes com pitadas de ousadia e irreverência. Somos fascinados por soluções espaciais simples e sintéticas e nossa relação com nossos clientes tende a ser próxima, informal e muitas vezes duradoura”, contam os mineiros.
Três Arquitetura e Epicentro GPS no CASACOR
Essa é a primeira vez do escritório na CASACOR. “Ficamos duplamente felizes com o convite que recebemos para participar da mostra. Primeiro pelo reconhecimento do nosso trabalho e, segundo, pelo fato de que seria um lounge para o GPS”, afirmam.
O fato de tratar-se de um espaço para encontros, como uma grande sala de estar, deu aos dois muita liberdade criativa, da elaboração do layout até a escolha de mobiliário e acabamentos. O GPS embarcou nas ideias desde os primeiros esboços.
“Nosso espaço chama-se Epicentro GPS e foi pensado para promover encontros e receber amigos e clientes. Dispusemos um enorme sofá, em ilha, no centro do espaço. Ele tem encostos móveis, o que possibilita que as pessoas sentem-se onde quiserem, da forma como se sentirem confortáveis. Poltronas ao redor dele ajudam a criar áreas para que grupos de pessoas conversem, olhando-se”.
Quanto ao visual, queriam, desde o início, um resultado sofisticado, mas impactante. Cortinas são o pano de fundo de todos os ângulos, o que confere um aspecto teatral ao ambiente. Elas têm ao todo 35 metros lineares e são compostas por dois tecidos, um cinza metalizado, de trama mais aberta, e outro rosa ao fundo.
A intenção do projeto foi pensar num ambiente vivo, que reagisse a estímulos como um corpo, um organismo. Foram muitas reuniões para descobrirem as soluções tecnológicas que viabilizaram o resultado final: o som de batidas de um coração é emitido de vários pontos do ambiente. Tal como um ser vivo ao longo de um dia, a frequência dessas batidas se alterna, e parte da iluminação do ambiente se transforma em sincronia com elas.
“A intenção foi criar uma abordagem inesperada, que estimulasse os sentidos e a curiosidade e incentivasse a permanência em nosso espaço. O nome do ambiente também faz referência a esse pulsar. Queremos que, assim como essas ondas que emanam de um ponto, as experiências vividas e trocadas nesse lugar também se reverberem fora dele”, concluem.