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De millennial pink a gen z green: porque o verde é a cor da nova geração

**O ano era 2015**. Vestidos bandage e quimonos de franja eram uniforme de saltos finérrimos e tênis modelo Adidas SuperStar. Por baixo da roupa, lingeries com múltiplas alças, fios que cobriam colo e pescoço. Nos fones de ouvido – ainda conectados por fios, pasme –,_The Chainsmokers_ ou _Uptown Funk_ em modo repeat. Stories só no Snapchat. Filtros só com orelhinhas de cachorro. Muito do que hoje é marcha pela web, apenas engatinhava durante esse período tão pubescente da internet.

Como tanta coisa pode mudar em apenas 6 curtos anos? Simples: a ascensão de uma **nova geração** às pétalas da juventude é sempre um catalizador do **novo** – e a **_Gen Z_** não quer conversa com os “tios” **_millennials_**.

Sim, jovens de vinte-e-muitos-a-trinta-anos – e seus copões de Starbucks –foram ‘cotovelados’ da mesa de pauta. Em dado momento, a moda parou de escutar os desejos dos maduros e passou a seguir o guia dos mais novos. Mundo cão, mas mundo real.
A data exata não se tem, todavia, a desvalorização de um símbolo específico joga luz sobre a dúvida: hoje, vamos falar da ascensão e queda do **millennial pink**.

![Prosa em rosa: nada nem ninguém escapou do balde de tinta millennial pink](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/IMG_8708_b8f42340fb.JPG)

Decretado pela **Pantone** como cor do ano em **2016**, o delicado e muito alegórico rosa pálido foi uma sensação difícil de esquecer. Ele estava em tudo: de paredes a capas de celular, roupas, acessórios… itens de papelaria e fios de cabelo.

Sua qualidade nostálgica e calmante aproximava a infância de um recorte social que – apesar de já somar boa idade – **ainda não queria crescer**. Sua massificação batia com a movimentação política da época, a abertura do leque, o debate sobre a não binariedade da experiência de gênero.

Rolou então a ressignificação do rosa, a cor “que é de menina” – e qual o problema se for? –, mas que pode ser de menino, também, ou de qualquer indivíduo que não se encontre nem lá, nem cá. Se tornou um tom universal, agênero, alternando o eixo da relação entre **roupa e sexo**. _“Cor é uma **expressão cultural**. O espectro de cores sempre foi o mesmo, mas são as tendências, as questões políticas e as discussões sociais que vão orientando as necessidades de usá-las em certas nuances e situações”_, explica a especialista cromática e consultora de imagem – pausa para o nome que cai em tão completa harmonia com essa prosa – **Rosa Guimarães**. Coincidência? Por aqui, não acreditamos em tal fenômeno.

_“Quando o rosa millennial apareceu, a discussão tratava de gênero. O azul é do menino? O rosa é da menina?”_, relembra, acenando à **Marcha das Mulheres** que ‘pintou’ os Estados Unidos de rosa em **2017**. “Não havia mais nada rosa para comprar em Nova York!”. A principal movimentação aconteceu na capital Washington, reunindo **mais de 400 mil participantes**. _”Foi uma época pautada por muitas discussões feministas e direitos das mulheres”_. **Para decifrar o presente e pertencer ao futuro, é necessário revisitar o passado.**

![Marcha contra Trump em janeiro de 2017 (foto: Adrees Latif)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Green_Pink_Foto_03_3a52d6a5d1.jpg)

De forma irônica, o mais frágil dos tons foi redefinido como uma **declaração político-social**, e com a necessidade de uma cor que fosse tanto ativista quanto confortável, a **arte** e o **consumo** entenderam a missão.

O filme **_The Grand Budapest Hotel_**, de **Wes Anderson**, foi um desses muitos estimulantes visuais. O lançamento do **iPhone** edição **_rose gold_**, em 2016, também intensificou o desejo. Todas as grandes marcas do setor de luxo apresentaram alguma versão da coloração em linhas lançadas entre 2015 e 2017. Não deu para ninguém: **o rosa era a ‘menina dos olhos’ no fim da década de 2010**.

![Marc Jacobs Spring 2017, Chloé Pre-Fall 2016, Gucci Resort 2017, Prada Fall 2017, Chanel Resort 2016, Dior Pre-Fall 2016](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/IMG_7918_8b524a238c.JPG)

**Mas o tempo não fica estático por muito tempo**. Tecnologias ascendem, tendências transcendem, ideias encedem. O que era novo tão logo se torna velho, e o que era bombado, datado. O bacana, **_‘cringe’_**. O hypado, ‘**_cheugy’_**. **As crianças expressivas de ontem são os adolescentes assertivos de hoje** – e para eles, barreiras de gênero já nasceram quebradas, e a sexualidade é tão fluida quanto a chuva brasiliense em fevereiro. A luta, agora, é outra: **saúde**. Minha, sua, e do **planeta Terra**. _”É a discussão da nossa existência”_, frisa Guimarães.

![Mais que uma cor, um regresso ao nosso estado mais puro](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/IMG_8710_b8ca9a995b.JPG)

Socialmente engajados e munidos de meios e informação, os ‘novos jovens’ passeiam pelas redes sociais com segunda **natureza**. Não foi necessário acostumar ou aprender – eram crianças quando a primeira versão do **Instagram** entrou no ar, pouco lembram de uma vida sem internet.

Gostam de comprar em brechó, de usar eco-bag, de colecionar canudos de inox. São os **maiores consumidores de alimentos orgânicos** nos Estados Unidos, de acordo com pesquisa feita pelo NPD Group ( “Essa geração foi criada para ser real e fiel a si mesma e espera o mesmo com seus alimentos e bebidas”, publicou David Portalatin, consultor da indústria de alimentos, em relatório). Já a The Benchmarking Company (TBC), revelou que quanto mais intensa a preocupação com o uso de cosméticos sustentáveis, mais jovem é o consumidor, e que a 73% de toda a venda de itens de beleza/cuidados pessoais é atribuída a compradores _gen z_.

Em junho deste ano, a grife espanhola **Loewe** incorporou esse _mindset_ em formato de roupa, lançando pela passarela verdadeiros e hipnotizantes jardins. Um mar-gramado que crescia a partir de uma calça jeans, uma cascata botânica pendurada sobre um moletom… Era a visão de um **Éden contemporâneo**, o que Eva e Adão vestiriam no novo milênio.

Durante o curso de 20 dias, blusas e calças, sneakers e regatas foram **cultivadas, regadas e germinadas** como plantas, num processo que em nada se assemelha ao frisson pré-coleção que toma os bastidores das grandes marcas. Foi criado um híbrido entre têxtil e orgânico mais que inédito – poético. Coisa digna de **uma geração verde que veste a camisa**, o que levou a…

![Roupa que respira: o Spring 2023 da Loewe](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/IMG_8709_af0b50309a.JPG)

**O retorno ao natural**

Numa variante de tons, o **_gen z green_** rapidamente se tornou favorito entre os que nasceram no final da década de 1990 e meados dos anos 2000 – um agrupamento que está rapidamente prosperando (e comandando) o mercado de trabalho.
Com domínio impar das redes sociais e uma íntima compreensão a respeito do poder de tais plataformas, usuários que mal alcançaram a maior-idade já utilizam dessa munição para formar o **próprio império**.

Com 18 anos recém feitos, a americana **Charli D’Amelio** é a adolescente mais seguida no aplicativo **TikTok** (perdendo o posto mais alto em 2022 para o criador ítalo-senegalês Khaby Lame). Caso isso não impressione, espere para ver os números: são mais de **146 milhões de _followers_**, rendendo um valor superior a **USD 4 milhões** de faturamento apenas em seu primeiro ano como _creator_.

Um vídeo publicitário assinado por D’Amelio não sai por menos de **USD 100 mil**, em adição, a jovem já rubrica campanhas próprias, possui uma linha de cosméticos e outra de roupas, assinou contratos com multi-nacionais como Invisalign e Dunkin Donuts, ganhou seu próprio reality show no streaming Hulu, estrelou o comercial da **Sabra Hummus**, (estreado durante o hiper-valorizado intervalo do **Super Bowl 2020**, um dos horários de televisão mais caros do entretenimento)… a lista é extensa.

![Cara-crachá: com menos de 20 anos, Charli D’Amelio é uma das personas mais bem pagas do entretenimento on-line](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/IMG_8712_acbdb0967b.JPG)

**Charli** é o exemplo perfeito de uma demográfica que faz muito **dinheiro**, rápido, e que transforma post em **influência**. De acordo com a empresa de consultoria empresarial McKinsey & Company, a geração Z já corresponde a 40% dos consumidores mundiais. O Bank of America completa, alegando que o potencial de ganho do grupo vai ultrapassar o dos millennials até 2031. Não surpreende que uma comunidade com tanto a seu favor esteja pautando as tendências.

![Green scene: é tempo de adotar (e internalizar) o verde](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Green_Pink_Foto_05_64ecbd86ad.jpg)

Democrático, o **_gen z green_** pode ter fundo quente, frio, pode ser claro ou escuro. Profundo ou mentolado. Intenso ou delicado. Pergunte a **Daniel Lee**, ex-diretor criativo da **Bottega Veneta**, responsável pelo recente _rebranding_ da marca e por catapultar o ‘verde Bottega’. _“Eu realmente desfrutei de ter crescido na era pré-Instagram, a gente apenas se divertia”, contou em entrevista à Vogue Britânica. “Será interessante acompanhar o que irá acontecer em seguida. Eu acredito que haverá um retorno à privacidade. Eu espero”_, concluiu.
A esse relato, Guimarães agrega: _”O verde sempre fez parte da nossa vida, ele é uma cor que nos **descansa**, nosso cérebro está acostumado a associá-lo à **natureza**, à **tranquilidade**, ao **relaxamento**”. Privacidade, Daniel, ou privação da cidade?

![Bottega Veneta Spring 2021, Cult Gaia Resort 2022, Oscar de la Renta Spring 2022, Altuzarra Spring 2022, Valentino Fall 2021 Couture, Balenciaga Fall 2021 Couture ](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Green_Pink_Foto_06_8643412296.jpg)

**Mas o mar não será verde por muito tempo**. Em breve, uma nova geração mais intuitiva e mais desenrolada há de tomar o trono. _“É difícil projetar a longo prazo, mas **Marte** é um horizonte”_, conjectura Rosa. _“Chegaremos a uma existência muito tecnológica, e a **Gen Alfa**, que são as crianças de hoje, vai viver num mundo **caótico**, de **escassez de matéria-prima** e **calamidades ambientais**”_, desenvolve.
A cor que irá simbolizar o novo novo? Ora, isso logo iremos **ver, de** novo.

Theodora Zaccara

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