Nas redes sociais, nas bancas de jornal e nas escolas, a pauta que não sai da boca de todos é o álbum de figurinhas da Copa do Mundo. Comprar, colar e trocar os cromos virou uma rotina que se repete a cada 4 anos, e o pequeno Pedro Maron Barretto, de 11 anos, não poderia ficar de fora. Uma coisa, porém, o impossibilitava de colecionar o produto: sua cegueira.
Cego desde o começo da vida devido a uma rara doença, Pedro cultivou, ao longo dos anos, uma paixão própria: o futebol. Flamenguista e munido de um radinho de pilha, Pedro já se uniu à torcida rubro-negra para empurrar o time em duas ocasiões de jogos no Estádio Mané Garrincha, nas quais os gritos e comemorações comprovaram o amor da criança pelo clube.
**Em ano de Copa do Mundo, Pedro se mostra mais uma vez fã do futebol**. Na expectativa do hexa, não poderia deixar de colecionar o álbum de figurinhas da competição, distribuído pela Panini e que é **sucesso absoluto entre pessoas de todas as idades**.
O desejo em colecionar o álbum começou na **Copa da Rússia, em 2018**, quando sua mãe, Tatiana, **incorporou o braille e adesivos às páginas do produto** após Pedro, que tinha 7 anos, demonstrar interesse em participar das trocas de cromos com os amigos da escola.
Quatro anos depois, **a adaptação foi feita de maneira ainda mais trabalhada**, e com um grande diferencial: o próprio **Pedro participou ativamente da transcrição para o braille**, atividade relatada por meio de vídeos em sua rede social, ao lado de seus pais, Marcos e Tatiana. Os registros sensibilizam quem os assiste e criam a expectativa de que, no futuro, seja papel dos fabricantes desenvolver **alternativas de acessibilidade para pessoas cegas ou de baixa visão**. Enquanto isso não acontece, Pedro deu um jeito e já está no longo caminho para completar o álbum, **trocando diariamente figurinhas com os colegas**.
>”_Estou muito feliz que estão compartilhando meu vídeo, **tomara que a gente consiga um álbum acessível** para crianças que não enxergam ou que têm baixa visão_”, **contou Pedro sobre a repercussão** positiva de um vídeo postado em suas redes sociais.
A coleção não é o único de seus hobbies. Pedro também adora **tocar piano e jogar futebol**, sempre com as adaptações necessárias, seja com **braille nas partituras ou com um guizo na bola do jogo**. Seu pai, Marcos, contou ao **GPS** como se sente ao ver o entusiasmo do filho com tantas experiências.
>“_Eu nunca tinha convivido com nenhuma pessoa cega. Quando ele nasceu, veio aquele baque inicial, mas o Pedro é tão bem resolvido, **dono de uma alegria contagiante**, que lidamos com tudo isso com a **maior naturalidade possível**, e ele chega a afirmar que não faz questão de enxergar: ‘**estou bem assim**’_”, relata.
Além do álbum da Copa, o atual hobbie de Pedro é a **programação**. Sim, programação de software. Ele começou a aprender **por si mesmo**, mas os pais já planejam **inseri-lo em aulas que tenham acessibilidade** para sua condição.
