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Daniel Noboa vence eleição no Equador marcada por preocupação com a violência

Daniel Noboa, político inexperiente e herdeiro de uma fortuna construída com base no comércio de bananas, foi eleito no segundo turno das eleições presidenciais do Equador neste domingo (15). Com 93% dos votos apurados, as autoridades eleitorais disseram que Noboa tinha uma vantagem de 4,5 pontos porcentuais sobre Luisa González, advogada de esquerda e aliada do ex-presidente exilado Rafael Correa.

Luisa admitiu a derrota em discurso para apoiadores na noite de domingo e disse que planejava ligar para Noboa para parabenizá-lo.

Noboa, de 35 anos, é herdeiro de uma fortuna construída com a principal cultura do Equador, a banana. Sua carreira política começou em 2021, quando conquistou uma cadeira na Assembleia Nacional e presidiu a Comissão de Desenvolvimento Econômico.

Os equatorianos têm uma exigência comum para o novo presidente: segurança. E Noboa terá muito trabalho pela frente. A eleição ocorreu em um momento em que cada vez mais equatorianos se tornam vítimas da violência relacionada às drogas. Nos últimos três anos, gangues de traficantes têm aterrorizado o país. Em agosto, o candidato à presidência Fernando Villavicencio foi assassinado em plena luz do dia. O clima hostil levou Noboa a usar um colete à prova de balas em eventos públicos.

O presidente mais jovem da história do país disse que seu objetivo é “devolver a paz” ao Equador. “Vou devolver a paz ao país, a educação à juventude, dar emprego à multidão que hoje o busca, tranquilidade às famílias que hoje não podem sair às ruas“, disse ao discursar neste domingo.

A eleição ocorreu sem nenhum incidente grave. Após o fechamento das urnas, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Diana Atamint, disse que um “compromisso interinstitucional da Polícia Nacional e das Forças Armadas” permitiu que as pessoas votassem com segurança. “Hoje, o Equador triunfou, a democracia triunfou“, disse ela.

Noboa governará o país até maio de 2025, que é o que resta do mandato do presidente Guillermo Lasso. Ele abreviou seu permanência no cargo ao dissolver a Assembleia Nacional em maio, quando os legisladores instauraram um processo de impeachment contra ele por supostas irregularidades em um contrato de uma empresa estatal.

Lasso, um ex-banqueiro conservador, entrou em conflito constante com o Legislativo após sua eleição em 2021 e decidiu não concorrer na eleição especial. Nesse domingo, ele pediu aos equatorianos que votassem de forma pacífica e pensassem no que é “melhor para seus filhos, seus pais e o país”. Ele disse que os eleitores têm a sabedoria “para banir a demagogia e o autoritarismo enquanto olham para um amanhã de paz e bem-estar para todos”.

Mais mortes

Sob o comando de Lasso, as mortes violentas aumentaram, chegando a 4,6 mil em 2022, o maior número da história do país e o dobro do total em 2021. A Polícia Nacional registrou 3.568 mortes violentas no primeiro semestre de 2023.

O aumento da violência está ligado ao tráfico de cocaína. Cartéis mexicanos, colombianos e dos Bálcãs criaram raízes no Equador e operam com a ajuda de gangues locais.

Não espero muito dessa eleição“, disse Julio Ricaurte, um engenheiro de 59 anos, perto de um dos centros de votação em Quito. “Primeiro, porque o presidente terá pouco tempo e, segundo, porque a Assembleia (Nacional) é uma organização que impede qualquer um que chegue ao poder de governar.” Noboa pode concorrer à reeleição.

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