GPS Brasília comscore

Damares Alves elogia Dino, mas diz ter “medo” do ministro no STF

Debate na CCJ do Senado revelou divergências sobre as indicações de Lula para cargos no STF e PGR
Damares Alves
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) realiza sabatina dos indicados para o Supremo Tribunal Federal (STF) e para a Procuradoria-Geral da República (PGR). Em pronunciamento, à bancada, senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Compartilhe:

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) elogiou, nesta quarta-feira (13), a atuação de Flávio Dino enquanto deputado federal e também como governador do Maranhão. Contudo, a congressista afirmou ter “medo” do “atual ministro da Justiça” na cadeira do Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração ocorreu durante a sabatina de Dino e de Paulo Gonet, indicado à Procuradoria-Geral da República (PGR), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal. 

Alves destacou sua preocupação em relação à possibilidade de um ministro do STF ser declaradamente “comunista”, questionando a compatibilidade do comunismo com princípios fundamentais, como liberdade de expressão e valores cristãos. Ela expressou temor sobre as possíveis influências ideológicas nas decisões do Supremo advindas desse posicionamento.

“Temor, pavor do ministro da Justiça que se apresentou, que não é o deputado Dino, que não era o governador Dino que eu conheci. E como eu gostaria que fosse esse ministro”, afirmou a senadora, trazendo à tona suas expectativas em relação ao ocupante do cargo.

Além das preocupações ideológicas, Damares Alves trouxe à discussão a situação dos povos tradicionais, especialmente dos povos indígenas, salientando práticas culturais consideradas nocivas. Ela questionou os indicados sobre o confronto entre o direito à vida e o direito à manifestação cultural desses povos.

“Nós somos uma nação com muitos povos tradicionais. Essa também é uma outra pauta que eu lido com muito carinho. Só povos indígenas são 305 diferentes. E nós temos no nosso país ainda algumas práticas culturais nocivas. E a gente vê algumas decisões, ministro Dino, muito influenciada pelo relativismo cultural”, disse. 

Aprovação

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, por votos de 17 a 10 para Flávio Dino, indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), e 23 a 4 para Paulo Gonet, proposto para a Procuradoria-Geral da República (PGR). Agora, ambas as indicações seguem para apreciação no plenário da Casa, onde cada nome precisará de 41 votos para confirmação no cargo.

O debate durante a sabatina, que se estendeu por 11 horas, destacou a resistência de alguns senadores da oposição à indicação de Flávio Dino, enquanto Gonet enfrentou menos questionamentos por parte dos parlamentares.

A sessão, presidida por Davi Alcolumbre (União-AP), manteve o formato simultâneo da sabatina, rejeitando o pedido de análise separada dos candidatos. Isso apesar da solicitação do senador Alessandro Vieira (MDB-SE) por uma revisão desse modelo, considerando o calendário legislativo próximo ao recesso parlamentar.

Flávio Dino foi alvo de perguntas sobre as filmagens do 8 de janeiro, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, suas posições passadas sobre urnas eletrônicas e a sua trajetória política. Gonet, por sua vez, abordou temas como inelegibilidade, uniões homoafetivas e liberdade de expressão.

Flávio Dino, atual ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-governador do Maranhão, e Paulo Gonet, subprocurador-geral da República, agora aguardam a votação no plenário do Senado para a confirmação de suas indicações.