A paixão da chef Cecília de Araújo pela cozinha surgiu ainda na infância, observando a mãe e as avós cozinharem. Mas assim como em boa parte das histórias, ela nunca havia se imaginado trabalhando com a gastronomia. Hoje, dirige o Cozinha Alice na Asa Sul e encanta os brasilienses com seus bolos autorais carregados de afeto.
Depois de largar o curso de Arquitetura, Cecília se viu apaixonada pela cozinha e decidiu investir na carreira. Fez as malas e partiu para Nova York, onde estudou no International Culinary Center e fez estágio em alguns restaurantes, atuou como catering em casamentos e também se especializou em charcutaria, queijos, pães, e cozinha quente no geral.
Havia decidido trabalhar na área mas também não se via atuando com confeitaria, e esse sopro de mudança na carreira tem o nome de Maria Alice. Quando Cecília se descobriu grávida, veio a vontade de se dedicar à filha que estava a caminho, e também a necessidade de botar um freio nos trabalhos com a cozinha quente.
Cecília passou a investir mais nos doces, pois poderia trabalhar com eles em casa e não precisaria se ausentar tanto de casa. Buscou especializações em confeitaria e teve diversas aulas e mentorias com a chef Simone Izumi, do Chocolatria. A filha foi a primeira homenageada dessa nova empreitada na gastronomia, com o bolo Alice, uma explosão de chocolate com toque de café. Um dos diferenciais do Cozinha Alice é produzir os próprios insumos: as pastas de côco, avelã e pistache que dão vida às receitas de são preparadas com todo o cuidado no próprio estabelecimento.
Família
De tão apegada aos familiares, eles também receberam homenagens no menu do Cozinha Alice: o bolo Romero é dedicado ao pai de Maria Alice, um apaixonado por baunilha e pistache; o bolo Selma foi pensado para a mãe da chef e leva pistache, chocolate e um toque de azeite português. Com côco e chocolate, o bolo Odete homenageia a avó de Cecília, já falecida. Tudo no Cozinha Alice é acompanhado de muito afeto.
Aliás, a família é sagrada nas raízes do Cozinha Alice: de tão unidos, todos trabalham na gestão do negócio de Cecília. Os parentes que já se foram, estão eternizados em porta-retratos espalhados pela confeitaria.
“A gente dedica a nossa vida ao Cozinha Alice, e mesmo que cada processo demande muito de nós, conseguimos colocar muito amor em cada um deles. Queremos que os clientes se sintam prestigiados ao entrar e comer algo daqui. E saber que o nosso público consegue enxergar o valor do nosso esforço, trabalho e dedicação não só nos produtos mas no nosso modo de gerenciar, faz tudo valer a pena”, conta a chef.
Maria Alice
E é claro que não há Cozinha Alice sem Maria Alice. A pequena, de cinco anos, foi o grande motivo para a virada de chave na vida da mãe. E mesmo tão nova ela já compartilha desse mesmo amor pela Gastronomia, além de ter grande personalidade: para o bolo que a homenageia, a pequena escolheu sabores como baunilha, limão siciliano e framboesa ao invés do clássico chocolate, que apesar de amado pela maioria, não faz seus olhos brilharem.
Também é possível vê-la na cozinha da confeitaria produzindo suas próprias receitas. Ela sabe o ponto correto de temperagem do chocolate, atende os clientes e é perfeitamente capaz de explicar cada um dos bolos produzidos pela mãe, que se derrete ao ver a filha.
Maria Alice encara essa rotina pelo seu olhar de criança, que enxerga em tudo uma grande possibilidade de brincar e se divertir. A pequena vive convidando os amiguinhos de escola a cozinharem com ela, e fala do trabalho da mãe com grande paixão para os colegas, tanto, que as mães passaram a procurar Cecília e viraram clientes. No que depender da afeição da pequena pela Gastronomia, o Cozinha Alice ainda terá muita história para contar – e muitas homenagens deliciosas a serem feitas.