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Covid-19: número de crianças internadas supera o de idosos

Baixa cobertura vacinal entre menores de 5 anos é um dos motivos apontados pela Fundação Oswaldo Cruz

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O sucesso da vacinação contra a **covid-19** entre os idosos e a baixa cobertura das crianças menores de 5 anos causou uma inversão nos dados de internação pela doença, segundo um estudo do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), da **Fundação Oswaldo Cruz**. Ambas as faixas etárias tiveram queda nos números de hospitalizações, mas, entre 14 de agosto e 10 de setembro, o número de crianças internadas representava quase o dobro do de idosos.

O estudo se baseia em dados dos **Boletins Epidemiológicos Especiais: Covid-19** (SVS/Ministério da Saúde), e aponta que, no período, **678 bebês e crianças com menos de 5 anos foram hospitalizadas por covid-19 no Brasil**, enquanto as internações de idosos com mais de 60 anos somaram 387.

Os idosos são considerados grupo de risco para agravamento e hospitalização por covid-19, e o Observa Infância lembra que, de janeiro a junho de 2022, houve 90 mil internações de maiores de 60 anos, contra 7,8 mil internações de bebês e crianças menores de 5 anos.

Os pesquisadores afirmam que, com o **avanço da vacinação** entre adolescentes, adultos e idosos, as taxas de hospitalização e mortalidade caíram em todas as faixas etárias, mas entre as crianças menores de 5 anos, a queda é mais lenta. Enquanto entre os idosos houve houve redução de 325% na média diária de óbitos por covid-19, para os menores de 5 anos essa queda foi de 250%.

Esse cenário fez com que crianças menores de 5 anos passassem a responder por **duas de cada cinco internações por covid-19 no Brasil**, a partir de julho de 2022.

**A vacinação de crianças de 3 e 4 anos só pode ser feita com a CoronaVac**, a partir da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), concedida em 13 de julho, para o uso emergencial da vacina. Até **23 de setembro, somente 2,5% da população com essa faixa etária havia recebido a vacina**, e, segundo o Vacinômetro do Ministério da Saúde, o número de doses aplicadas nessas crianças não chega a 1 milhão. Para bebês de 6 meses a 2 anos, a Anvisa aprovou o uso da Pfizer pediátrica em 16 de setembro, mas a vacinação ainda não começou.

“_A cada dia que passamos sem vacinas aplicadas nessa faixa etária, mais de uma criança morre por covid-19 no Brasil_”, afirma **Cristiano Boccolini**, pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz.