Vermelhidão, coceira, bolhas e até feridas. Para milhões de pessoas, esses sintomas não são apenas um incômodo passageiro, mas parte da rotina. A alergia de contato, chamada de dermatite de contato, tem se tornado cada vez mais comum em uma sociedade cercada por produtos químicos, tecidos sintéticos e cosméticos industrializados.
“A alergia de contato, também chamada dermatite de contato alérgica, é uma reação inflamatória da pele desencadeada pelo contato com uma substância à qual o organismo desenvolveu sensibilidade. Diferente da dermatite atópica, que tem fundo genético e imunológico, ou da psoríase, que é uma doença autoimune crônica, a alergia de contato ocorre apenas quando a pele entra em contato direto com o agente sensibilizante“, explica a dermatologista Regina Buffman.
As mais comuns são as causadas por cosméticos (cremes, perfumes, maquiagens), produtos de limpeza, metais presentes em bijuterias, componentes de esmaltes, tinturas de cabelo e até medicamentos de uso tópico. Por isso, a médica afirma que pessoas que trabalham em contato constante com substâncias químicas, como profissionais da saúde, da limpeza e da beleza, apresentam maior risco de desenvolver dermatite de contato.
Além da dermatite de contato alérgica, existe a dermatite de contato irritativa, que é mais comum e ocorre quando a pele é exposta a agentes agressivo, mas não se desenvolve para uma alergia. Inclusive, a própria alergia de contato pode se desenvolver ao longo do tempo sem sintomas aparentes.
Vilões
Entre as substâncias mais frequentemente associados a alergias de contato estão os parabenos e o formol. “A alergia a bijuterias geralmente está ligada ao níquel. Quando a pele entra em contato com o metal, o sistema imunológico reage, causando vermelhidão, coceira e até pequenas bolhas“, diz a médica.
Ela alerta ainda que produtos hipoalergênicos são formulados para reduzir o risco de alergias, mas não garantem a ausência de reações. Por isso, pessoas com pele sensível devem sempre testar os produtos na pele em pequenas áreas antes do uso contínuo.
Cuidados e prevenção
Para diferenciar a alergia de contato de uma irritação comum é preciso ficar atento aos sinais. Os sintomas típicos são vermelhidão, coceira intensa, descamação, inchaço e, em alguns casos, pequenas bolhas. “Uma irritação comum costuma melhorar rápido após a remoção do agente, enquanto a alergia persiste e pode piorar, mesmo com pequenas quantidades de exposição“, observa Regina.
O diagnóstico é clínico, mas pode ser confirmado por meio do teste de contato (patch test), que aplica pequenas quantidades de substâncias na pele para identificar o agente responsável pela alergia.
Apesar de não existir uma cura para essa alergia, é possível controlar os sintomas após identificar o contato com a substância causadora e evitá-la. Além disso, optar por produtos hipoalergênicos, sem fragrâncias e com fórmulas simples ajuda, na maioria dos casos. Também é importante evitar o uso excessivo de produtos novos ao mesmo tempo.
Em crises, a dermatologista diz que o uso de pomadas com corticosteroides e medicamentos orais podem ser necessários, mas sempre com orientação médica. Isso porque, se não for tratada, a inflamação pode se agravar, causar infecções secundárias e levar a lesões crônicas na pele.
“A chave está em identificar e evitar o agente causador. Com o diagnóstico correto e mudanças de hábitos, é possível ter qualidade de vida sem crises frequentes“, conclui Regina.