A proibição da venda de carne de cachorro para consumo na Coreia do Sul, implementada em 2024, tem gerado dificuldades para criadores que por décadas atuaram no setor. A legislação dá prazo até fevereiro de 2027 para que as fazendas encerrem as atividades e se desfaçam dos animais, mas produtores afirmam que o tempo é insuficiente e que faltam medidas de apoio por parte das autoridades.
O reverendo Joo Yeong-bong, que também preside a Associação Coreana de Cães para Consumo afirma que as vendas caíram desde a aprovação da lei e muitos criadores estão endividados e sem perspectiva de conseguir novo emprego. Estima-se que cerca de 500 mil cães ainda estejam em fazendas no país.
Segundo o Ministério da Agricultura, Alimentação e Assuntos Rurais (Mafra), os governos locais assumirão os cães entregues voluntariamente, que devem ser enviados a abrigos. No entanto, esses espaços já enfrentam superlotação, e as características dos animais criados para abate, geralmente de raças de porte grande e consideradas perigosas, dificultam a adoção.
Há relatos de cães resgatados que acabaram sendo submetidos à eutanásia por falta de alternativas. Grupos de proteção animal reconhecem a limitação da capacidade de acolhimento, e admitem que parte dos cães poderá ser sacrificada após o encerramento das atividades das fazendas.
O governo afirma que não prevê eutanásia como política e anunciou investimentos anuais de cerca de 6 bilhões de wons (aproximadamente US$ 4,3 milhões) para expandir os abrigos e apoiar criadores dispostos a encerrar os negócios. Também foi prometido um pagamento de até 600 mil wons (cerca de US$ 450) por cão entregue.
Parte dos cães tem sido enviada para adoção internacional, como no caso de 200 animais resgatados em Asan e levados para o Canadá e os Estados Unidos.
A prática de consumir carne de cachorro tem se tornado cada vez menos comum na Coreia do Sul. Uma pesquisa oficial realizada em 2024 indicou que 8% da população havia consumido esse tipo de carne no ano anterior, uma queda significativa em relação aos 27% registrados em 2015. Desde o anúncio da proibição, 623 das 1.537 fazendas de cães do país já encerraram suas atividades.