O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, aumentar a taxa básica de juros (Selic) de 12,25% ao ano para 13,25% ao ano. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (29), confirmando uma elevação de 1 ponto percentual e ocorreu na primeira reunião sob o comando do novo presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo.
A decisão já era esperada pelo mercado, pois a autoridade monetária havia sinalizado na última reunião, realizada em dezembro, que manteria a trajetória de alta.
Com isso, este se torna o quarto aumento consecutivo dos juros no país, após as elevações ocorridas em setembro, novembro e dezembro de 2024.
Com a nova alta, a taxa Selic retorna ao mesmo nível registrado em agosto de 2023. Naquele período, o Banco Central ainda mantinha uma tendência de cortes nas taxas, o que agora foi revertido para um ciclo de aperto monetário. A nova taxa permanecerá vigente pelos próximos 45 dias, até a próxima reunião do Copom.
Os nove membros do comitê que votaram pela elevação da Selic são: Gabriel Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.
Entenda
A Selic é um dos principais instrumentos utilizados pelo Banco Central para controlar a inflação. Em 2024, a taxa básica de juros do país encerrou o ano em 12,25% ao ano, um nível próximo ao registrado em novembro do mesmo ano.
O mercado financeiro prevê novas altas nos juros nos primeiros meses de 2025. Na ata da última reunião, o Copom já havia indicado a possibilidade de mais duas elevações, de ao menos 1 ponto percentual cada, nos próximos encontros do comitê.
Caso a pressão inflacionária continue elevada e as expectativas do Copom se concretizem, a taxa Selic poderá alcançar 14,25% ao ano ainda no primeiro trimestre de 2025, atingindo um nível semelhante ao registrado em setembro de 2016.
Se o aperto monetário persistir, os juros podem ultrapassar os 15% ao ano até junho de 2025, tornando-se o maior patamar desde meados de 2006, quando a taxa chegou a 15,25% ao ano, no final do primeiro mandato do presidente Lula.
O que diz o Banco Central?
No comunicado divulgado após a decisão, o Banco Central alertou que o cenário externo segue desafiador devido à conjuntura econômica global e à política monetária dos Estados Unidos.
“O Comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes“, declarou o BC.
O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, manteve a taxa de juros americana entre 4,25% e 4,50% ao ano, conforme decisão anunciada na mesma data pelo órgão norte-americano.
Em relação à economia brasileira, o Copom destacou que os indicadores de atividade e o mercado de trabalho demonstram dinamismo.
Além disso, mencionou a inflação acima da meta e a necessidade de ajustes adicionais para garantir sua convergência.
“Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos“, afirmou o comunicado.