Ninguém nega que a França é uma das favoritas para conquistar a Copa do Mundo do Catar. O grupo D também não é dos mais difíceis, com Austrália, Dinamarca e Tunísia. O primeiro problema, no entanto, é superar um incômodo tabu. Todos os europeus que foram campeões do mundo desde 1998 não passaram da fase de grupos na Copa seguinte.
A primeira a cair foi, justamente, a França. Em 2002, a seleção ainda tinha Zidane, mas perdeu para Senegal (0 x 1) e Dinamarca (0 x 2) e empatou com o Uruguai (0 x 0), sendo eliminada sem balançar as redes. O pentacampeão Brasil passou fácil em 2006, mas a Itália não teve a mesma sorte em 2010, empatando com Paraguai e Nova Zelândia por 1 x 1 e perdendo para a estreante Eslováquia por 3 x 2.
Na Copa de 2014, o vexame foi da Espanha: derrotas por 5 x 1 para a Holanda e por 2 x 0 para o Chile e uma vitória por 3 x 0 sobre a Austrália, que não adiantava para mais nada. Por fim, em 2018, foi a Alemanha quem sofreu: estreou perdendo do México por 1 x 0, ganhou da Suécia por 2 x 1, mas acabou desclassificada pela Coreia do Sul, levando um humilhante 2 x 0 na rodada final.
O desafio francês não é apenas este: desde a Copa de 1962, há 60 anos, nenhum time é bicampeão do mundo em Copas seguidas – o Brasil foi o último. E mais: desde 1938, quando Vittorio Pozzo conquistou o bicampeonato para a Itália, nenhum técnico de seleções levou duas Copas seguidas – o italiano, aliás, é o único a ostentar esta glória.
Cabe a uma dupla superar estes obstáculos. No banco, o treinador Didier Deschamps, campeão como jogador em 1998 e como técnico, em 2018. Em campo, a estrela Mbappé, do Paris Saint-Germain-FRA. E os que estão à volta dos dois não são coadjuvantes, como os goleiros Lloris (Tottenham-ING) e Areola (West Ham-ING), os defensores Pavard (Bayern-ALE), Koundé (Barcelona-ESP) e Varane (Manchester United-ING), os meias Camavinga (Real Madrid-ESP), Rabiot (Juventus-ITA), Tchouaméni (Real Madrid-ESP) e Fofana (Monaco-FRA) e o cracaço Benzema (Real Madrid-ESP). Fora Giroud (Milan-ITA) e Griezmann (Atlético de Madrid-ESP).
Tal como na Copa passada, a França estreia novamente contra Austrália, na terça-feira (22), às 16h, no estádio Al Janoub. Em 2018, os franceses venceram por 2 x 1, com um gol no terço final do segundo tempo. Também voltam a pegar a Dinamarca na fase de grupos, desta vez na segunda rodada. Mas é difícil acreditar que a maldição se mantenha. Até porque os elencos rivais são limitados. A Austrália do treinador Graham Arnold, por exemplo, não tem um jogador atuando por grandes ligas. É, sem dúvida, uma das seleções mais fracas do país dos cangurus desde 1974, quando estreou nas Copas.
Por conta desta fragilidade dos australianos, outra seleção que deve encontrar caminho fácil para as oitavas de final é a Dinamarca, do técnico Kasper Hjulmand. No gol ele tem Schmeichel, do Nice-FRA. A defesa conta com Christensen (Barcelona-ESP) e Stryger Larsen (Trabzonspor-TUR). Os meias de destaque são Eriksen (Manchester United-ING) e Delaney (Sevilla-ESP). Na frente, Lindstrom (Eintracht Frankfurt-ALE), Dolberg (Sevilla-ESP) e Wind (Wolfsburg-ALE).
O adversário da estreia dos dinamarqueses será a Tunísia, que tem poucas pretensões na Copa. O time comandando por Jalel Kadri tem como destaques os defensores Mohamed Drager (Luzern-SUI) e Ali Abdi (Caen-FRA), os meias Ellyes Skhiri (Colônia-ALE) e Hannibal Mejbri (Birmingham City-ING) e o atacante Anis Ben Slimane (Brondby-DIN). O jogo será às 10h, no estádio Cidade da Educação.