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Conheça o projeto que conta histórias em muros de Brasília

Um livro que não tem narrativa em folha de papel, mas em muros da cidade, o Projeto Livro de Rua, escrito por Hugo Barros e ilustrado por algum artista brasiliense, traz arte e literatura para as paredes da capital federal, uma forma democrática de incentivar a leitura. Nasceu em 2017, sendo que o ano seguinte foi quando lançou a primeira edição, na 413 Sul, sob o título O Menino Invisível.

 

Desde então, Hugo tem feito parcerias com artistas de Brasília para trazer cultura aos muros da cidade. Nos dois últimos trabalhos, inclusive, o livro foi ilustrado pelo artista Omik, conhecido por suas cores e personagens com grandes olhos. Neste mês, a dupla trouxe o projeto para a Biblioteca Central da UnB. Sob o título (Des)iguais, a narrativa “fala sobre o abismo social existente no Brasil e no mundo. Por meio de exemplos de hábitos, gostos e memórias de vida de diversas pessoas, essas desigualdades aparecem naturalmente”, conta Hugo.

 


 

“A inspiração de (Des)iguais e até das outras histórias”, inicia Hugo. “São os relacionamentos que eu tenho com as crianças e pessoas mais próximas a mim. Minha filha, minhas sobrinhas. É uma forma de mostrá-las que esses problemas existem e de conversar sobre elas e sobre o papel que cada um de nós tem em tentar mudar essas histórias”, explica.

 

 

Já foram lançados três livros: O Menino Invisível, na 413 sul, que fala de vulnerabilidade social e foi ilustrada pelo Sire; Cata Tesouro, no hall da entrada da Biblioteca Nacional, que conta a história de uma pequena e sonhadora catadora de recicláveis, com artes do Omik; e, com estreia neste mês, (Des)iguais, na Biblioteca da UnB, que fala sobre desigualdade social, também do Omik.

 

  • O Menino Invisível

 

  • Cata Tesouro

 

A parceria entre o escritor e o artista, de fato, tem se perpetuado. Agora também estão finalizando o quarto livro, A Menina que Não Sabia Sonhar, no prédio da Biblioteca Infantil, na 104/304 Sul.

 

“Omik é um artista incrível. Tem sempre um cuidado com a arte nos seus mínimos detalhes e sempre traz interpretações nas imagens que enriquecem o texto, que é como  devem ser os livros ilustrados, na minha opinião”, elogiou Hugo.

 

  • A Menina que Não Sabia Sonhar

 

Os projetos são financiados com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do DF (FAC) e da Secretaria de Cultura do DF

 

Omik, o artista por trás do grafite

 

Artista que mais fez parceria com Hugo desde o início do projeto, o brasiliense Mikael Guedes, ou como é mais conhecido Omik, foi chamado para contribuir com as artes das histórias há quatro anos, mas há pouco tempo que firmou a amizade com o escritor. Para o artista, “o projeto trás muita necessidade pelo tema em si e instrui e conecta pessoas”.

 

Como grafiteiro, Omik reconhece o valor da arte atrelada à literatura e, sendo a arte de rua dando voz a uma história, tudo torna-se mais coerente quanto a função social de ambas, afinal o acesso pelo muro de uma rua qualquer dá a acessibilidade para uma pessoa em situação de rua da mesma forma que o dono de uma cobertura. 

 

“Fazer parte do livro tem sido uma experiência nova. Me trouxe uma outra ótica sobre a escrita nas paredes tornando o assunto mais literal sem curvas, onde abordamos temas muito importantes na sociedade, como nesse da UnB, algo sobre a desigualdade social.”

 

O mural pintado na UnB levou aproximadamente um mês para ser concluído, segundo Omik. “Devido a fenômenos naturais, como sol e chuvas repentinas, além de estruturas que não contribuíram muito com a fluidez do painel. Mesmo assim com ajuda de um amigo consegui realizar dentro de 24 dias”, conta.

 

Em uma publicação no Instagram, o artista Omik também refletiu sobre a história e ressaltou uma das páginas escritas e desenhadas no muro da UnB, que definiu como “provavelmente, boa parte das mulheres brasileiras se identificarão. Pela típica cena de o pai abandona a família, por não querer assumir o compromisso de responsabilidade para com os filhos é mulher”. 

 

E continua: “Coincidentemente depois de obter os filhos, e ela pelo contrário assume o papel dos dois, tendo que abrir mão do básico como estudar pra cuidar que os estudos dos seus filhos não seja condenado. Claro que em muitos casos não só os estudos. Durante o processo, aprendi muito, não sobre técnicas e nem nada do tipo, afinal são as mesmas, porém como ser em sociedade, isso tem me trago mais reflexos vivos do que teóricos. Inserido em primeiro plano e fazendo parte em segundo plano da vida de terceiros. A arte é a maneira mais bonita e dolorosa de se dizer alguma coisa! É como escrever na própria pelo com espinho e visar o sangue como a tinta”

 

Confira a publicação:

Redação GPS

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