Banhada pelo Mar Cáspio, Baku, capital do Azerbaijão, pode não ser o primeiro destino escolhido para conhecer quando se pensa na Europa ou na Ásia, mas a cidade está ganhando bastante atenção neste mês, pois é a sede da COP29. A conferência ocorre entre os dias 11 e 22 de novembro e levanta debates, principalmente, sobre questões relacionadas ao clima e ao futuro do planeta, atraindo milhares de estrangeiros ao país, que vem sendo surpreendidos – e muito – pela cultura.
A brasiliense Fernanda Gouveia, 24, é uma dessas pessoas que teve as expectativas sobre o destino completamente quebradas. Analista de comunicação do ICLEI América do Sul, ela conta ao GPS|Brasília que viajou a trabalho para o país e ficou encantada com o que encontrou ao chegar em Baku.
Como sua viagem foi marcada em cima da hora, Fernanda teve apenas dez dias para se preparar e, por conta disso, não conseguiu pesquisar muito sobre o lugar para onde estava indo pela primeira vez. “A realidade é que eu nunca tinha ouvido falar sobre Baku e não sabia nada sobre o Azerbaijão. Vi apenas que o país tem um conflito com a Armênia”, revela. Então, até chegar ao destino final, a impressão que ela tinha da cidade era de que seria perigosa e que ela deveria tomar muito cuidado nas ruas.
“Sendo mulher, também fiquei preocupada ao pensar em como seria andar pelas ruas da cidade, porque, por conta da localização do país, imaginei que tivesse alguma influência da cultura árabe, que é bastante conservadora em alguns aspectos”, comenta.
Porém, ao chegar em Baku, a analista de comunicação se deparou com uma população local gentil e atenciosa com os turistas, uma cidade extremamente limpa e o centro mais lindo que já viu na vida. “Muitas pessoas lá não falam inglês, e nós não falamos o azerbaijano, então a comunicação foi mais difícil. Mas percebi um esforço tremendo por parte deles para serem entendidos e nos entenderem também”, observa. “É um povo que está muito preocupado em ajudar o próximo”, acredita.
A história do Azerbaijão é marcada pelo domínio de diferentes impérios, como o Romano, o Persa, o Otomano e o Russo, além de sua integração à União Soviética. Esses períodos estão refletidos na arquitetura única da cidade, que mistura elementos de culturas mais antigas com a modernidade. “Olhando para as construções, conseguimos entender mais sobre o contexto complexo da história do país”, comenta Fernanda.
Entre os principais pontos turísticos da cidade, ela visitou a Cidade Velha, que é considerada Patrimônio Mundial da UNESCO e um dos locais históricos mais bem preservados do país; as Flame Towers, que são, provavelmente, o marco mais famoso de Baku; o Centro Heydar Aliyev, símbolo da modernidade e cartão-postal da cidade; e o Museu do Tapete.
“A cultura da tapeçaria é muito forte por aqui, com tapetes por toda a cidade. Isso me impressionou muito, porque eu nunca havia pensado em tapetes por esse ângulo”, conta Fernanda.
Outro elemento também muito cultuado no país é o romã, que tem até um festival próprio que ocorre anualmente, o Festival da Romã de Goychay. “Eles colocam esses elementos na cidade inteira, é muito bonito de ser ver”, afirma.
A fruta é muito presente na culinária do país, que também surpreendeu a brasiliense. “A comida daqui é incrível, traz elementos da comida árabe, que é bem forte no Brasil, carnes muito bem preparadas e pratos de arroz deliciosos”, destaca. Para se ter uma ideia, há mais de 200 receitas típicas do Azerbaijão que são preparadas com o arroz, que levam carnes, peixes, vegetais e muitas especiarias.
Destaque também para a música local que, muitas vezes, se assemelha às melodias brasileiras. “Em vários momentos ouvimos batidas e elementos nas músicas que lembram muito o nosso funk. Em alguns lugares, chegamos até a ouvir artistas brasileiros tocando”, relembra. “Achei que o Azerbaijão fosse um país muito pouco visitado, mas, estando aqui, vi que os locais conseguem reconhecer os brasileiros. A gente está em todo lugar!”, brinca.
Outra atração à parte de Baku, na visão de Fernanda, são os gatos que circulam pelas ruas. Ela conta que eles são super carinhosos e interagem com as pessoas em busca de comida, mas que são muito bem tratados pela população.
Por fim, ela ressalta que, como toda nação, o Azerbaijão também tem contextos históricos problemáticos, mas que, mesmo assim, foi surpreendida de uma forma muito positiva com o que conheceu no país: “Fiquei encantada com a capital”, revela. “Essa viagem me despertou uma vontade enorme de conhecer outros países que, normalmente, temos um pré-conceito já formado, mas que sem dúvidas têm muito valor e beleza”, conclui.