Conheça a mais nova instalação do artista Siron Franco em Brasília

Sob as gotas de chuva em meio ao Planalto Central, uma garrafa de água engaiolada. A manhã de quarta-feira, 22, começou assim, com um claro manifesto contra o desperdício de água e a denúncia de que milhares de pessoas pelo mundo não possuem um pingo de água para se manterem vivas. O dia da inauguração foi simbólico já que era comemorado o Dia Mundial da Água.

 

Foto: JP Rodrigues

 

“Somos feitos de água”, relembrou Siron Franco, o artista responsável pela instalação que está na praça Zumbi dos Palmares, entre o Conic e o Sesi Lab, no Setor de Diversões Sul. A obra intitulada Santo Graal traduz por meio de escultura o que o poeta Ferreira Gullar falava sobre a poesia: 

 

“A poesia, como vejo, nasce do espanto, de alguma coisa que surpreende e que você tem necessidade de comunicar aos outros”, afirmou o poeta.

 

A partir dessas palavras, Siron descreve a sua obra. A partir do espanto de que 25% da população mundial não tem acesso à água potável, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o artista decidiu compor aos mais de 50 anos de carreira a obra Santo Graal.

 

“Não há nada mais importante para mim do que a água. Sem água não há vida. Eu queria fazer algo que falasse da inacessibilidade. A ideia da jaula é bastante antiga, mas agora consegui realizá-la. Fiz vários desenhos até chegar nessa forma. A princípio ia fazer com aço inox, mas o ferro é mais duro, tem um impacto maior sobre o olhar. Você olha e, de fato, vê uma grade, uma prisão”, explicou o escultor.

 

Foto: JP Rodrigues
Foto: JP Rodrigues
Foto: JP Rodrigues
Foto: JP Rodrigues
Foto: JP Rodrigues
Foto: JP Rodrigues
Foto: JP Rodrigues
Foto: JP Rodrigues

A cidade escolhida para iniciar a peregrinação do Santo Graal foi Brasília. Como capital do país, Siron diz que é aqui que “é o centro do Brasil, onde tudo acontece de bom e de ruim“. O primeiro local a receber a escultura, a praça em frente ao Conic, foi indicação de Marina Maciel, presidente da ONG Para Todos, apoiadora da intervenção artística. 

 

“A ideia de estar no centro do Setor de Diversões Sul é porque Siron queria um lugar onde fosse movimentado. E a praça Zumbi dos Palmares passa um fluxo de pessoas de todo o Brasil, até pela proximidade com a Rodoviária. Essa obra de Siron é um manifesto a favor da água”, explica Marina.

 

Siron Franco já teve uma obra de mesmo tema, inclusive. Em 2019, o artista plástico preparou projeções para passar sobre a cúpula do Museu Nacional da República em comemoração ao Dia Nacional do Cerrado. Nessa obra, usou os quatro elementos da natureza – fogo, terra, ar e água.

 

O artista goiano

O goiano originário de Goiás Velho, nascido em 1947, é conhecido como um cronista visual de seu tempo. Com um conhecimento artístico admirável, Siron é famoso por suas instalações públicas temporárias com tons críticos e perspicazes sobre as diversas realidades do Brasil.   

 

Em Brasília, uma das obras mais icônicas é a homenagem ao índio Galdino. Galdino Jesus dos Santos, o Galdino Pataxó, foi cruelmente queimado em uma parada de ônibus da W3 Sul, na 504 Sul, em 1997. O caso teve repercussão nacional e em homenagem ao homem assassinado, Siron fez duas esculturas. Uma retrata uma pessoa em chamas e a outra representa uma pomba, o símbolo da paz. As duas obras são fixas e ficam na Praça do Compromisso.

 

 

Antas instaladas no gramado da Esplanada dos Ministérios também fizeram parte das obras de Siron. Elas são parte da série de pinturas Césio, em resposta ao acidente radioativo em Goiânia com cápsula de Césio 137. Mais recentemente, Renascimento, na Casa das Rosas, em São Paulo, homenageia as vítimas da Covid-19.

 

Além da utilização da área pública, Siron ainda expos no MASP; MAM-RJ; MAM-SP; Pinacoteca do Estado de São Paulo; The Bronx Museum of the Arts, nos Estados Unidos; e Nagoya City Art Museum, no Japão. Na 13ª Bienal Internacional de São Paulo foi premiado.

 

Maria Rita Barahona, Valdo França, Wilson de Azevedo e Deva Rakkas, Foto: JP Rodrigues
Ilca Teodoro, Danilo Teófilo, Marina Maciel e Anastasiya Golets. Foto: JP Rodrigues

Foto: JP Rodrigues

Foto: JP Rodrigues
Foto: JP Rodrigues

Foto: JP Rodrigues

Foto: JP Rodrigues
Foto: JP Rodrigues

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