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Congelamento de óvulos: existe uma idade certa para o procedimento?

Técnica de reprodução assistida permite que mulheres preservem a fertilidade e escolham o momento de engravidar

A maternidade é um momento marcante e aguardado por muitas mulheres. No entanto, nem todas desejam ou conseguem conciliar esse sonho com a juventude, seja por priorizarem a carreira, questões financeiras ou pela busca de um parceiro ideal. Nesse cenário, o congelamento de óvulos surge como uma alternativa cada vez mais procurada, permitindo que mulheres possam preservar sua fertilidade e decidir o momento mais oportuno para engravidar.

A técnica de congelamento de óvulos, que inicialmente era voltada para tratamentos médicos específicos, como em casos de câncer, vem se popularizando como uma opção estratégica para mulheres que desejam planejar o futuro com mais liberdade e segurança.

De acordo com a ginecologista e obstetra Gabriella Ferreira, especialista em Reprodução Humana pelo programa Cuidar+ Mulher, o procedimento faz parte das técnicas de reprodução assistida e envolve o estímulo hormonal. “Com esse estímulo, os folículos ovarianos — que contêm os óvulos — são estimulados, permitindo que possamos coletar uma quantidade maior de óvulos, que serão criopreservados para uma gestação futura”, explica a médica.

A especialista sugere que o procedimento deve ser considerado por toda mulher que tem desejo reprodutivo, mas que não gostaria de gestar no momento atual ou pacientes que serão submetidas a tratamentos médicos que possam afetar a fertilidade, como quimioterapia, radioterapia ou cirurgias. “Antes de iniciar esses tratamentos, fazemos o congelamento de óvulos para que a paciente tenha a possibilidade de gestar no futuro”, explica a médica, reforçando a importância de planejar a preservação antes do início das terapias.

Quanto à idade ideal para realizar o procedimento, a médica explica que o número e a qualidade dos óvulos diminuem naturalmente ao longo da vida. “Nós, mulheres, temos a maior quantidade de óvulos ainda na vida intrauterina, em torno de 7 milhões por volta das 20 semanas de gestação. Ao nascer, esse número cai para cerca de 3 milhões e, na primeira menstruação, reduz para 400 mil. A partir daí, perdemos cerca de mil óvulos por mês, independentemente de estarmos grávidas ou usando anticoncepcional”, detalha.

Por isso, o recomendado é que o congelamento seja feito preferencialmente entre os 30 e 35 anos, quando ainda há uma boa reserva e qualidade dos óvulos. “Se a mulher tem 40 anos e ainda possui folículos, o congelamento pode ser feito. Claro, é melhor congelar aos 40 do que aos 45, já que, com o passar do tempo, a qualidade e quantidade de óvulos diminuem, aumentando o risco de alterações genéticas e taxas de aborto”, pontua. 

Como funciona o procedimento 

O processo segue uma sequência cuidadosa de etapas que envolvem a estimulação hormonal e a coleta dos óvulos. Segundo a ginecologista, o procedimento começa com a avaliação da mulher no início do ciclo menstrual. “A paciente chega menstruada, geralmente no segundo ou terceiro dia, e realiza um ultrassom para avaliar a quantidade de folículos. É importante lembrar que os folículos são como ‘casinhas’ dos óvulos”, explica.

A partir daí, é feita uma estimulação ovariana com o uso de hormônios chamados gonadotrofinas, que mimetizam os hormônios naturais do corpo. “O objetivo é estimular a produção do maior número possível de folículos, já que, naturalmente, a mulher liberaria apenas um óvulo por ciclo. Queremos coletar a maior quantidade possível em cada ciclo para aumentar as chances de sucesso no futuro”, ressalta.

Quando os folículos atingem cerca de 18 milímetros, o procedimento de coleta é agendado. “Os óvulos maduros são captados com a ajuda de uma agulha, guiada por ultrassom, que aspira o líquido de dentro dos folículos. Essa etapa é feita sob sedação para garantir o conforto da paciente. Depois, os óvulos são analisados em laboratório, onde passam por limpeza e são armazenados para uma gestação futura”, detalha.

Todo o processo, desde o início da estimulação hormonal até a captação dos óvulos, dura cerca de dez a 12 dias. “Após identificar que os folículos estão no tamanho ideal, aplicamos uma medicação final e marcamos o procedimento. A coleta é rápida, guiada por ultrassom e realizada com toda a segurança necessária”, explica a especialista.

Riscos e orientações 

Embora o congelamento seja considerado um procedimento seguro, é importante estar ciente dos possíveis riscos e das orientações necessárias antes de optar por essa técnica. Segundo Gabriella Ferreira, as complicações associadas são raras, mas existem. “Os principais riscos são sangramento e a síndrome da hiperestimulação ovariana, que ocorre quando vários folículos crescem simultaneamente devido ao uso de hormônios. Isso pode levar ao acúmulo de líquido em regiões como o abdômen ou pulmões, mas é algo cada vez mais raro com os protocolos atuais”, afirma.

Outros efeitos incluem náuseas, enxaquecas, inchaço e desconforto abdominal, semelhantes aos sintomas que algumas mulheres têm ao usar anticoncepcionais. “Esses sintomas são muito individuais e, por serem de curta duração, geralmente passam logo após o término do estímulo hormonal”, explica Gabriella. 

Para quem considera o congelamento de óvulos, é fundamental passar por uma consulta com um especialista em reprodução assistida. “O ideal é alinhar as expectativas, porque cada caso é único. Algumas mulheres precisam de mais de um ciclo para atingir a quantidade desejada de óvulos congelados. A avaliação inicial inclui exames como o hormônio anti-Mülleriano e a contagem de folículos antrais por ultrassom, além de análises hormonais completas”, orienta a médica.

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