A temperatura amena de 24°C e céu limpo no início da noite desta quarta-feira (11) em Brasília não refletia o intenso calor político na capital provocado pela condenação de Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-presidente cumpre prisão domiciliar no condomínio Solar de Brasília, no Jardim Botânico, por decisão do ministro Alexandre de Moraes.
Enquanto a residência do ex-presidente localizada no bairro nobre da capital permanecia silenciosa e sem movimentação interna visível, a portaria do condomínio concentrava a atenção da imprensa e de policiais à paisana, que se mantinham discretos, sem interagir com os jornalistas.
Um grupo de apoiadores começou a movimentar o local para entoar orações e até o hino nacional. Um carro de som também chegou na portaria do condomínio para estimular os eleitores que carregavam a bandeira verde-amarela.
No interior do Solar de Brasília, o silêncio no conjunto 7 contrastava com períodos anteriores, quando o local era ponto de encontro frequente de políticos aliados e militantes para saudar o principal líder da direita no Brasil. A recente e pacata rotina da residência seguiu praticamente sem alterações até às 21h20.
Para quem observada de fora, a casa estava com algumas luzes internas apagadas, exceto na garagem, onde um único veículo e uma moto permaneciam estacionados na área interna.
Durante o momento em que a reportagem observou o endereço onde o ex-presidente cumpre prisão domiciliar, nem Bolsonaro nem a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foram vistos pelas janelas ou mesmo na garagem localizada na entrada social da casa.
O contraste de uma Brasília polarizada também se estendeu na cidade. Se por um lado apoiadores mantiveram a vigília para Bolsonaro – ou mesmo preferiram digerir a sentença de forma mais discreta e em casa -, opositores do ex-presidente comemoraram a condenação em tradicionais e conhecidos redutos da esquerda no Plano Piloto, região central da capital.
Os bares Beirute e Libanus, ambos na Asa Sul, além do Pardim, localizado na Asa Norte, receberam eleitores lulistas e também aqueles que são contrários ao ex-presidente para festejar a decisão da Suprema Corte.
Em diversos pontos do Plano Piloto, fogos de artifício também puderam ser ouvidos por quem passava pela Asa Norte, um dos únicos bairros onde o presidente Luzi Inácio Lula da Silva (PT) venceu Bolsonaro no Distrito Federal.

Entrada do condomínio de Bolsonaro | Foto: João Pedro/GPS