“Temos no DNA do Fairmont o lema de ser heart of the community. Queremos ser um expoente da cultura local. Com todo respeito a outras marcas, não estou fingindo ser americano no Rio. Estou sendo carioca no Rio”. A frase é do diretor comercial do Fairmont Rio de Janeiro, Michael Nagy, durante um almoço no restaurante do hotel, o Marine, sobre a essência que impulsiona a conexão com a comunidade. Ele chama atenção para a flora típica da região espalhada pelo edifício, para o mobiliário de designers brasileiros, como Sérgio Rodrigues, e para os sabores autênticos do menu. “O chef é francês, mas a culinária é típica brasileira”, garante.
Nagy, apostando na simpatia brasileira, implementa um conceito inovador de tratamento rock star para cada hóspede, reconhecendo a importância de cada um como a estrela de sua experiência no Fairmont Rio. A recepção calorosa se traduz em detalhes, desde a espumante de boas-vindas com algodão doce até a pessoalidade de funcionários que chamam os hóspedes pelo nome durante toda a estadia. No amplo quarto, uma carta escrita à mão aguarda, representando o cuidado minucioso nos detalhes.
Relativamente novo – foi inaugurado em agosto de 2019 –, é o primeiro hotel da Fairmont Hotels & Resorts, do grupo Accor, na América do Sul, e revela-se como um refúgio exclusivo, onde a sofisticação se entrelaça ao calor humano. O edifício acomoda varandas com a vista mais bonita da Praia de Copacabana, como um anfiteatro repleto de curiosos prontos para presenciar um espetáculo. A parada obrigatória é a piscina de borda infinita. A arquitetura da área externa se envolve com o mar como se tivessem sido feitos um para o outro – e como nada é por acaso, foi exatamente isso que a arquiteta Patrícia Anastassiadis previu quando escolheu a cor dos azulejos para parecer uma extensão natural do oceano.
Patrícia foi responsável pelo projeto de retrofit do edifício – que antes abrigava uma outra rede hoteleira – e se inspirou no requinte do Rio de Janeiro dos anos 1950, quando a cidade vivia os tempos da Bossa Nova – não deixe de fazer o tour que o hotel disponibiliza para conhecer um pouco mais da história do hotel na época do Rio dos Anos Dourados.
Tudo ali respira brasilidade. Cerca de 95% do espaço é feito de materiais tupiniquins. Espalhados pelos 375 confortáveis quartos e pelas áreas comuns, móveis de designers brasileiros, flora típica da região e obras de arte com o selo verde e amarelo. Na gastronomia, o chef Jérôme Dardillac, francês com quase trinta anos de Brasil, usa e abusa de ingredientes brasileiros para suas criações – e temperos da horta que ficam ao lado da piscina –, executadas em sua maioria no forno Josper. “O forno a carvão traz muita suculência aos grelhados”, revela, elegendo seu queridinho do menu. “A abobrinha grelhada com fonduta de queijo da Serra da Canastra e ervas frescas”.
É nítida a atenção ao vínculo. No fim da tarde, quando a camareira bate na porta para perguntar se preciso de algo, chama-me pelo nome. Eu penso: “tão simples, basta ela ter a lista dos hóspedes. Mas tão impactante”. “Esse é o nosso jeito de ser. Queremos construir uma relação com nossos clientes. Na pandemia, por exemplo, cada um do time recebia diariamente uma lista de clientes para contatar e perguntar como ele estava. Apenas isso. Fazer essa conexão gerou engajamento”, lembra Nagy.
De alma carioca
Por mais que, ao circular pelo hotel, escute diferentes idiomas – e, claro, o local tem uma ocupação internacional significativa –, o diretor comercial revela um dado interessante. “Em 2022, 663.121 pessoas consumiram no hotel. E 60% de quem visita os nossos pontos de encontro, que são os restaurantes e bares, são cariocas. Trouxemos de volta um costume típico dos anos 80, 90, de o carioca sair para almoçar domingo em um hotel”, orgulha-se Michael Nagy. E emenda a dica: “todo domingo tem feijoada com roda de samba”. Uma experiência de tradição e sabor.
Com uma alma autêntica, o hotel celebra o be yourself, convidando os hóspedes a viverem como verdadeiros cariocas, em um ambiente que reflete o estilo descontraído e vibrante da cidade. Tanto o restaurante Marine quanto o Spirit Copa Bar são abertos para não hóspedes. A noite por lá é agitada, com uma programação musical de terça a domingo.
O passeio até a praia é obrigatório. E lá, há um serviço exclusivo, no beach club Tropìk, no Posto 6, inspirado no Mediterrâneo. E ainda tem experiências esportivas de beach tennis, canoa havaiana, stand up paddle e aluguel de bicicletas para pedalar na orla. O hotel conta ainda com spa no qual o massoterapeuta faz os movimentos como se fossem as ondas do mar.
Antes de me despedir, o café da manhã com vista para o mar. Naquele terceiro e derradeiro dia, Edna, a atenciosa garçonete, sugeriu um brinde com uma mimosa. E ela estava certa. Com a taça em mãos, em um dia ensolarado no Rio de Janeiro, o silêncio cedeu espaço para a melodia das ondas do mar. Naquele instante, compreendi de forma completa o lema do hotel: “transformando momentos em memórias”.