Ataque do coração: saiba como reconhecer e agir

A cada 90 segundos, uma pessoa morre por doença cardiovascular

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), as doenças no coração seguem como uma das principais causas de morte no Brasil, respondendo por cerca de 400 mil óbitos ao ano, o dobro de todos os tipos de câncer somados. Ainda de acordo com a instituição, a cada 90 segundos, uma pessoa morre por doença cardiovascular. Entre as doenças mais comuns, está o infarto. O cardiologista Rosangeles Konrad explica que os principais fatores de risco já são conhecidos.

“Hipertensão, diabetes, colesterol elevado, tabagismo, obesidade, sedentarismo e histórico familiar aumentam significativamente a chance de infarto”, diz o médico, que ainda alerta para elementos como estresse crônico, apneia do sono e consumo excessivo de álcool.

Apesar de muitas vezes surgir de forma súbita, o infarto pode dar sinais dias ou horas antes. “Alguns pacientes apresentam dor no peito em pressão ou aperto, conhecida como angina instável, mesmo em repouso ou com esforços leves. Outros sintomas incluem falta de ar, palpitações, fadiga desproporcional e mal-estar geral”, detalha.

O estresse emocional, segundo o médico, é um gatilho poderoso: “O estresse intenso aumenta a liberação de adrenalina e cortisol, elevando a pressão e favorecendo a instabilidade das placas nas artérias. Em alguns casos, pode até provocar a chamada síndrome do coração partido”.

As manifestações também variam conforme o perfil do paciente. “Homens geralmente têm a dor torácica típica irradiando para braço ou mandíbula. Já mulheres, idosos e diabéticos podem apresentar apenas fadiga, falta de ar, dor abdominal ou nas costas”, explica.

Por isso, identificar sinais silenciosos é essencial: “É importante valorizar cansaço sem explicação, suor frio, tontura ou desconforto discreto no peito. No diabético, pode acontecer o infarto silencioso, sem dor típica”.

Como prevenir

No campo da prevenção, o especialista reforça que a maior parte dos casos poderia ser evitada com mudanças de hábitos. “A atividade física regular, a alimentação equilibrada, o sono adequado, o controle de peso e a redução do estresse são pilares fundamentais”, orienta. Check-ups periódicos também são indispensáveis para monitorar pressão, colesterol e glicemia.

Quando o infarto acontece, os sinais clássicos são claros. “A dor ou pressão no peito, descrita como peso ou aperto, irradiando para braço, mandíbula, pescoço ou costas, acompanhada de falta de ar e suor frio, é o sintoma mais comum”, afirma Konrad. Diferenciar de uma dor muscular ou de ansiedade pode ser difícil, mas há pistas. “A dor muscular é localizada e melhora com repouso ou massagem; já a dor do infarto é difusa, prolongada e não alivia. Na dúvida, o correto é sempre procurar emergência”.

Nesses casos, a ação rápida faz toda a diferença. “Ao sentir os primeiros sinais, a pessoa deve parar imediatamente, sentar-se ou deitar-se em posição confortável e ligar para o SAMU (192). Se houver orientação médica, mastigar aspirina pode ajudar”, diz o cardiologista. Quem estiver por perto também pode salvar vidas. “Chame ajuda, mantenha a calma da vítima e, se ela perder a consciência e não tiver pulso, inicie massagem cardíaca até a chegada da equipe médica”.

O especialista aponta o tempo como um fator crítico. “O conceito de ‘hora de ouro’ mostra que o tratamento iniciado na primeira hora aumenta muito as chances de sobrevivência. Cada minuto perdido significa maior risco de sequelas”. Entre as consequências mais comuns após um infarto estão insuficiência cardíaca, arritmias e maior risco de novos episódios.

A recuperação, no entanto, é demorada em muitos casos. “O período inicial leva de duas a seis semanas, mas a reabilitação completa pode durar meses. O uso de medicamentos, a prática de exercícios supervisionados e a adesão a novos hábitos são indispensáveis”, afirma. Ele lembra ainda que homens e mulheres não vivem o processo da mesma forma. “Mulheres tendem a ter diagnóstico mais tardio e recuperação mais difícil, com maior taxa de complicações e impacto psicológico”.

Mesmo após o primeiro episódio, os cuidados precisam ser contínuos. “O infarto é um marcador de alto risco. O paciente deve ter acompanhamento médico regular, fazer exames periódicos e manter a disciplina com medicação e estilo de vida”, diz Konrad. A boa notícia é que a medicina avança rapidamente. “Hoje contamos com stents farmacológicos mais seguros, novos medicamentos, telemedicina e programas de reabilitação estruturados. O futuro está na medicina personalizada, adaptada ao perfil de cada paciente”.

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Edição 43

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