Categories: Caio Barbieri

Comissão aprova aumento de pena para feminicídios contra mães

A Comissão de Segurança Pública do Senado aprovou o projeto de Lei 4.230/2019, de autoria da senadora Leila Barros (PDT-DF), que propõe penas mais severas para feminicídios no Brasil. Sob a relatoria da senadora professora Dorinha, a iniciativa obteve parecer favorável para contemplar um aumento de 1/3 na pena para feminicídios praticados contra mães.

A proposta visa expandir a legislação atual, que prevê aumento de pena apenas para o assassinato de mães de bebês com até três anos. A senadora Leila argumenta que a responsabilidade pelo crime deve ser estendida independentemente da idade da criança. “O feminicídio contra uma mãe requer uma repressão estatal mais rigorosa. O papel materno é constante e inegável, independentemente da fase do crescimento infantil”, destaca a senadora.

O PL 4.230 sugere um acréscimo na pena para casos de feminicídio em que a vítima seja mãe ou responsável por criança ou adolescente menor de idade, abrangendo todas as faixas etárias, incluindo situações com filhos com necessidades especiais. A proposição agora seguirá para análise da Comissão de Constituição e Justiça.

Epidemia de violência contra a mulher no DF

No Distrito Federal, entre janeiro e setembro de 2023, foram registrados 13.519 casos de violência doméstica, representando um aumento de 6,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os casos de feminicídios consumados saltaram de 17 em 2022 para 32 em 2023, um aumento de 88%, sendo que 27 das vítimas eram mães. Desde a sanção da Lei do Feminicídio no Brasil, há oito anos, 180 mulheres brasilienses perderam a vida, deixando mais de 320 órfãos, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do DF.

Houve também um aumento nas tentativas de feminicídio na capital federal. Entre janeiro e setembro de 2023, foram registradas 60 tentativas, comparadas às 41 do ano anterior, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública.

Rigor

O PL 4.230 tramita em conjunto com outra proposição, o PL 1.568/2019, que busca elevar a pena mínima para casos de feminicídio no Brasil. Aprovado na mesma reunião, este último eleva a pena mínima de 12 a 30 anos de reclusão para 15 a 30 anos, além de estabelecer o feminicídio como crime autônomo. Também torna mais rigorosa a progressão de pena, prevendo que ela só ocorra após o cumprimento de pelo menos 55% da sentença, se aprovada e sancionada.

A senadora Leila destaca que, embora o feminicídio seja considerado um crime hediondo, o Brasil atingiu um recorde de casos em 2022, com uma mulher morta a cada seis horas. “Aumentar a pena é apenas um passo na luta contra o feminicídio. Precisamos quebrar o ciclo de violência investindo, sobretudo, na educação e conscientização do papel da mulher na sociedade”, enfatiza Leila.

Caio Barbieri

Jornalista, colunista e apresentador do GPS, com experiência em cobrir o que acontece nos bastidores dos principais gabinetes da capital federal.

Posts Recentes

Assessor de Lula, Celso Amorim já está na Venezuela para acompanhar as eleições

Relato de Amorim dará respaldo ao governo brasileiro em seu posicionamento sobre as eleições no…

6 minutos ago

Na Bienal de Veneza, artistas e comunidades indígenas narram uma história de resistência

A orça do corpo presente, a resiliência e as retomadas são alguns dos temas abordados

16 minutos ago

Thales Bretas, viúvo de Paulo Gustavo, revela talento de filho do casal

O dermatologista fez uma postagem no Instagram falando sobre a situação

1 hora ago

Dupla chinesa do tiro esportivo leva o primeiro ouro de Paris-24

Conquista veio na disputa das equipes mistas do tiro esportivo, na categoria carabina de ar…

1 hora ago

Prédio da OAB Nacional pega fogo no Setor de Autarquias Sul

Incêndio teve início no terceiro andar. Cinco pessoas foram resgatadas e duas estão no Hran

2 horas ago

Do Brasil ao Alasca: brasilienses cadeirantes preparam-se para jornada histórica

Sthéfanie Louise e John Ferraz partem para a aventura neste sábado (28)

2 horas ago