Em uma demonstração coordenada, parlamentares da oposição se reuniram nesta terça-feira (5) em um ato de protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ação envolveu ocupação da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados e o uso simbólico de esparadrapos na boca, em sinal de censura. Os congressistas anunciaram ainda a adoção de medidas de obstrução dos trabalhos legislativos, como forma de pressionar por uma pauta que inclui anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, o fim do foro privilegiado e o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Cerca de 15 deputados ocuparam o espaço da Mesa Diretora em silêncio, permanecendo sentados como forma de impedir o início das sessões plenárias. Alguns removiam o esparadrapo momentaneamente para se comunicar ou beber água. O gesto foi visto como uma ameaça de paralização completa no Congresso caso suas demandas não avancem.
Batizado de “pacote da paz”, o movimento ganhou força após declarações do senador Flávio Bolsonaro (PL), que comandou uma coletiva de imprensa ao lado de outros parlamentares. O grupo defende uma anistia “ampla, geral e irrestrita” aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023, além de retomar a proposta de emenda à Constituição (PEC) que extingue o foro privilegiado para parlamentares em crimes comuns. A proposta já foi aprovada pelo Senado, mas aguarda votação na Câmara desde 2018.
Segundo o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, os parlamentares não pretendem deixar o local enquanto não houver uma resposta concreta dos presidentes das Casas Legislativas para “pacificar o Brasil”.
Já o deputado Altineu Côrtes (PL), vice-presidente da Câmara, afirmou que, se assumir a presidência interinamente, pautará a proposta de anistia independentemente da decisão do atual presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos).