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Com aquecimento global, vírus “zumbis” despertam após 50 mil anos

O renomado virologista Jean-Michel Claverie sacrificou duas semanas de conforto para acampar nas margens lamacentas e infestadas de mosquitos do rio Kolyma, na Rússia. Sua missão: desvendar o mistério dos vírus “zumbis” – um perigo que as mudanças climáticas trazem à saúde pública. As informações são da Bloomberg.

Os resultados de sua pesquisa lançam luz sobre os sombrios efeitos do aquecimento global à medida que descongela solos que estiveram congelados por milênios. Com o planeta já 1,2°C mais quente do que nos tempos pré-industriais, os cientistas preveem que o Ártico poderá ficar sem gelo nos verões até 2030. Enquanto preocupações sobre o derretimento do permafrost liberar gases de efeito estufa são amplamente documentadas, os patógenos adormecidos são um perigo menos explorado.

O permafrost cobre um quinto do hemisfério norte, tendo sustentado a tundra ártica e as florestas boreais do Alasca, Canadá e Rússia por milênios.

Em um estudo publicado no ano passado, a equipe de Claverie extraiu diversos vírus antigos do permafrost siberiano, todos eles infecciosos. Com as mudanças climáticas, estamos acostumados a pensar em perigos provenientes do sul, como a disseminação de doenças transmitidas por vetores em regiões tropicais mais quentes. No entanto, os cientistas agora reconhecem que existe uma ameaça iminente no norte, à medida que o permafrost derrete e libera micróbios, bactérias e vírus.

“Com as alterações climáticas, estamos habituados a pensar em perigos que vêm do sul”, disse Claverie numa entrevista no seu laboratório no campus Luminy da Universidade de Aix-Marseille, França.

Essa ameaça à saúde pública ainda está sendo compreendida, mas episódios recentes sugerem seu potencial. Em 2016, uma onda de calor na Sibéria ativou esporos de antraz, causando várias infecções e mortes. Em 2022, cientistas reanimaram com sucesso uma lombriga de 46 mil anos do permafrost siberiano.

Organizações de saúde global têm monitorado doenças infecciosas desconhecidas que os humanos não teriam imunidade ou tratamentos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) adicionou a “Doença X” a uma lista de patógenos prioritários para pesquisa e prevenção de epidemias.

O permafrost, solo que costumava abrigar vida animal, preserva matéria orgânica de maneira ideal, proporcionando condições que conservam micróbios e patógenos.

Agora, à medida que o permafrost derrete devido ao aquecimento global, cientistas estão explorando os riscos que os vírus “zumbis” representam, ressaltando a necessidade de uma pesquisa contínua e preparação para potenciais ameaças à saúde pública.

Redação GPS

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