O argumento em favor dos adoçantes artificiais pode, à primeira vista, parecer atraente. Todo o sabor doce do açúcar com menos (ou nenhuma) caloria. O que poderia ser melhor?
Tanto o açúcar quanto os adoçantes artificiais poderão ser prejudiciais à saúde. No entanto, cada vez mais pesquisas científicas mostram que, se estamos comparando o que é pior, os adoçantes artificiais podem ser ainda mais nocivos do que o açúcar.
Por que os adoçantes artificiais podem ser prejudiciais à saúde?
Adoçantes artificiais são compostos projetados para ter o gosto de açúcar, todavia, com menos calorias. A maioria tem menos de 3 kcal por colher de chá. Compare isso com uma colher de chá de açúcar, que tem 16 calorias. Eles também são comumente usados por pessoas com diabetes porque não afetam o nível de glicose no sangue da mesma forma que o açúcar.
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No entanto, isso não significa que os adoçantes artificiais sejam benéficos para nós. Os mais comuns incluem:
- Sacarina;
- Aspartame;
- Sucralose.
Há também uma grande variedade de álcoois de açúcar que os fabricantes usam para adoçar alimentos. Eles incluem itens como xilitol, eritritol, sorbitol e maltitol. Uma vez no trato intestinal, o álcool de açúcar é fermentado por nossas bactérias colônicas, o que pode liberar gás, levando a distensão abdominal, cólicas e diarreia. O eritritol tem sido associado ao aumento do risco de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral.
A discussão sobre os adoçantes artificiais pode ser controversa, apesar de serem considerados seguros para consumo humano pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – e outras agências de saúde em todo o mundo. Enquanto isso, pesquisas científicas ainda estão em andamento para avaliar os efeitos desses produtos em nosso corpo.
Podemos fazer uma analogia com o hábito de fumar cigarros: embora seja autorizado para adultos, não significa que seja saudável para todos. De forma semelhante, o uso de adoçantes artificiais é permitido, mas isso não os torna necessariamente uma escolha saudável.
Já sabemos que o açúcar e alimentos doces devem ser consumidos com moderação, uma vez que não oferecem muitos nutrientes em termos de saúde. O açúcar estimula o sistema nervoso central e libera um neurotransmissor, a dopamina, que proporciona a sensação de prazer. Esse processo é semelhante à liberação de dopamina quando fumamos ou consumimos substâncias psicoativas.
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O açúcar é absolutamente viciante. Além de estimular as áreas do cérebro relacionadas à adição, consumi-lo eleva os níveis de glicose no sangue, determinando o aumento da secreção do hormônio insulina e, consequentemente, uma queda de açúcar no organismo. Com efeito, sentimos a necessidade de ingeri-lo repetidamente, como em uma montanha-russa.
Os adoçantes artificiais também proporcionam aquele sabor intenso que nosso corpo está programado para desejar. O problema é que podem ser até 700 vezes mais doces que o açúcar. Isso resulta em um completo bombardeio do nosso sistema nervoso central com aquela doçura que libera dopamina.
Se comer açúcar dispara fogos de artifício no cérebro, os adoçantes artificiais eletrificam o sistema nervoso central. Porém, em breve a euforia se pacifica, e nosso organismo quer mais. Então buscamos mais alimentos adoçados artificialmente. E não nos preocupamos tanto com isso porque são de baixa caloria, não é mesmo?
Quando consumimos adoçantes artificiais, nosso corpo começa a desejar mais açúcar. E pode ser mais fácil ceder a esse desejo porque entendemos que estamos fazendo uma escolha supostamente “saudável”.
Tanto o adoçante artificial quanto o açúcar são viciantes. No entanto, nas últimas décadas, uma série de investigações tem mostrado que o uso prolongado de adoçantes artificiais pode ser particularmente prejudicial ao nosso corpo.
Nos anos 1990, estudos sugeriram uma possível correlação entre o câncer e o uso de adoçantes artificiais, especialmente a sacarina e o ciclamato de sódio. Entretanto, essa associação não foi definitivamente comprovada.
Outras pesquisas demonstraram, porém, que o consumo regular e excessivo de adoçantes artificiais pode estar associado a diversas condições adversas à saúde, tais como:
- Obesidade;
- Hipertensão;
- Síndrome metabólica;
- Diabetes tipo 2;
- Doenças cardíacas.
De toda sorte, a resposta científica sobre se os adoçantes fazem mal ainda é incerta e mais estudos serão necessários para determinar completamente seus efeitos à saúde humana.
Se você estiver pronto para saltar da montanha-russa do açúcar, uma boa estratégia é limitar o consumo de alimentos industrializados e ultra processados. Observe o rótulo dos produtos, uma vez que aqueles que possuem as indicações de “baixa caloria”, “sem calorias”, “baixo teor de açúcar” e “sem adição de açúcar” podem conter adoçantes artificiais.
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Até mesmo alimentos que não são considerados “doces” portam uma quantidade significativa de açúcar ou seus substitutos. Isso inclui itens como molhos para salada e macarrão, queijos e biscoitos. Por isso, é essencial ficar atento à rotulagem nutricional.
A American Heart Association (AHA) recomenda que os homens e indivíduos designados como homens ao nascerem não consumam mais do que 36 g (equivalente a 09 colheres de chá) de açúcar adicionado por dia, enquanto as mulheres e indivíduos designados como mulheres ao nascerem devem limitar o consumo a 25 g (equivalente a 06 colheres de chá) por dia. No entanto, é importante observar que são orientações gerais e que, para portadores de resistência à insulina, pré-diabetes ou diabetes, essa quantidade de açúcar adicionado poderá ser excessiva.
Embora alimentos doces e açucarados possam ser consumidos ocasionalmente, nenhum adoçante artificial transformará um alimento não saudável em saudável. A substituição de açúcar por adoçantes artificiais não oferece os benefícios que buscamos e, mesmo que as pesquisas não tenham sido conclusivas, a longo prazo, o consumo excessivo poderá se desdobrar em prejuízos à saúde.
Por fim, para fazer uma escolha entre açúcar e adoçantes artificiais, é importante levar em consideração a quantidade, frequência de consumo, bem como as necessidades e objetivos de saúde. É altamente recomendável consultar um nutricionista para determinar a melhor opção para cada indivíduo.
Fontes
Liu WW, Bohórquez DV. The neural basis of sugar preference. Nat Rev Neurosci. 2022 Oct;23(10):584-595. doi: 10.1038/s41583-022- 00613-5. Epub 2022 Jul 25.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35879409/
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https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29772560/
DiNicolantonio JJ, O’Keefe JH, Wilson WL. Sugar addiction: is it real? A narrative review. Br J Sports Med. 2018 Jul;52(14):910-913. doi: 10.1136/bjsports-2017-097971.